Folha de S. Paulo


Um estorvo chamado seleção

O 0 a 0 contra o Equador teve um primeiro tempo razoável e um segundo ruim.

Se eu fosse santista, torceria para a seleção da CBF perder e voltar logo, para que Lucas Lima e Gabigol (reservas!) reforçassem o time que virou um arremedo do que foi no campeonato estadual.

Se eu fosse são-paulino, também torceria contra a seleção, para que Paulo Henrique Ganso e Rodrigo Caio voltassem.

Outros dois reservas...

Se fosse palmeirense, agradeceria a falta de visto de Gabriel Jesus para entrar nos Estados Unidos, palco da Copa América Centenário, detalhe que o impediu de assisti-la no banco.

Como sou corintiano (não me diga que você nem tinha percebido...), torço pela volta de Elias o mais rapidamente possível, embora não consiga torcer contra a seleção.

Assim certamente estão os gremistas sem Marcelo Grohe e Walace, outros dois reservas que desfalcam seu time no topo da tabela do Brasileirão, além de Bolaños, na seleção do Equador. E por aí afora.

Os torcedores argentinos, uruguaios, chilenos, italianos, ingleses, alemães, espanhóis etc, não padecem do mesmo mal nem por causa da Copa América nem devido à Eurocopa que está para começar.

Simplesmente porque os campeonatos nacionais em todos esses países já acabaram, nenhum clube é atrapalhado pelas seleções. Nenhum!

O Barcelona não sofre pela ausência de Messi na seleção da Argentina e o Bayern de Munique não se ressente da ausência de seus craques no torneio europeu que será disputado na França a partir da próxima sexta-feira, 10.

Mas no campeonato do país pentacampeão mundial, e do presidente da CBF que não viaja para não ser preso pelo FBI, os clubes sofrem por causa da seleção.

Dunga, em vez de se limitar a chamar os jogadores brasileiros que atuam no exterior, insiste em desgraçar a vida de seus colegas dos clubes.

"Ah, mas é preciso priorizar os jogos da Copa América para preparar o time para as eliminatórias", mentem os cartolas da Casa Bandida do Futebol.

Mentem porque Neymar está fora da Copa América para poder jogar a Olimpíada, como se negociou com o Barcelona, que naturalmente se recusou a cedê-lo por dois torneios.

Ora, se nosso principal jogador não está nos Estados Unidos agora para poder estar no Brasil em agosto é porque o objetivo principal é a medalha de ouro olímpica, a tal que falta ao nosso futebol.

Reitero que concordo e que troco até o hexacampeonato mundial pelo ouro, embora seja a única pessoa que eu conheça que pense assim.

Mas, a Copa América...

A tal copa que desgraçou de vez as reputações e as vidas de Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero?

Que nenhum deles possa ir ver os jogos in loco porque dois, se saírem do Brasil, serão presos e um até está nos Estados Unidos, mas em prisão domiciliar em Nova York, é problema deles e não sei de torcedor algum que se apiede dos três.

Ao contrário, conheço centenas de torcedores que têm cada vez mais antipatia pela seleção por vê-la desfalcar seus times e impedir que eles possam ser campeões, caso dramático do Santos, que seria protagonista e nem coadjuvante é, mero figurante do Brasileirão.


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