Folha de S. Paulo


O grande ausente

O MUNDO do futebol estará de olhos bem abertos para a decisão da Liga dos Campeões da Europa.

Real Madrid, o favorito, ou Atlético de Madri, um dos dois sairá campeão de Milão.

Campeão da Europa!, o continente onde se joga o melhor futebol do mundo, abrigo dos maiores craques de futebol do planeta.

Um dos dois será o campeão, mas nenhum dos dois tem o melhor time da Europa.

O Barcelona, porque dono do ataque sul-americano Messi, Suárez e Neymar, é o melhor time do mundo, seguido pelo Bayern.

Os dois fariam a final que a Terra gostaria de ver, mas teremos de nos contentar com o clássico espanhol.

Não que seja pouca coisa, porque não é.

Imagine uma final de Libertadores entre Corinthians e São Paulo. É por aí.

O grande ausente no embate de depois de amanhã é catalão e dirigiu até o último sábado o time bávaro.

Tem 45 anos, foi um excelente meio-campista e dirigiu apenas dois times como treinador, exatamente o Barcelona e o Bayern de Munique. Está de partida com suas inúmeras armas e variadas bagagens para comandar o Manchester City.

Josep Guardiola i Sala é o nome dele, mais conhecido apenas como Pep Guardiola, de estreita e vitoriosa relação com a Liga dos Campeões.

Basta ver o que fez nos últimos oito anos, quando trabalhou em sete e teve um sabático, na temporada 2012/2013.

Nos quatro primeiros anos, entre 2008 e 2012, no comando do Barcelona, chegou às semifinais da Liga dos Campeões em todos eles. Em dois, 2009 e 2011, sagrou-se campeão.

Após o ano sabático, dirigiu nas últimas três temporadas o Bayern de Munique e novamente chegou a todas as semifinais.

O fato que chama atenção é que nas quatro eliminações anteriores, nas semifinais, o algoz de Guardiola sempre acabou ficando com a taça.

Em 2010 o Barcelona foi derrotado pela Internazionale, que acabou campeã. Em 2012 o algoz do Barcelona foi o Chelsea, que também ficou com a taça.

Já nos últimos três anos o Bayern, de Guardiola, acabou invariavelmente eliminado nas semifinais por equipes espanholas.

Em 2014 o Real Madrid conquistou o título.

Em 2015, o Barcelona.

Nesta temporada o algoz foi o Atlético de Madri e resta saber se, em Milão, a equipe de Diego Simeone, será capaz de confirmar a escrita.

Sobre Simeone, 46, você leu na terça-feira (24) nesta Folha, o argentino que só quer vencer e não está nem aí para o jogo bonito, ao contrário do rival, Zinedine Zidane, 43, que vence e convence no Real.

Não bastasse o ótimo desempenho de Guardiola, que chegou às sete semifinais de Liga dos Campeões nas sete que disputou, com duas conquistas, nesses mesmos sete anos Guardiola ganhou nada menos que seis títulos nacionais: três espanhóis pelo Barcelona (2009, 2010 e 2011) e três alemães pelo Bayern Munique (2014, 2015 e 2016), além de um vice-campeonato espanhol pelo Barça, em 2012, e ainda três Mundiais de Clubes, em 2009 e 2011 pelo Barcelona e em 2013 pelo Bayern.

Definitivamente, como diz o jornalista francano Ricardo Costa, autor desta pesquisa sobre os números de Guardiola, ele está no hall dos maiores treinadores da história do esporte.

Pena que não estará em Milão.


Endereço da página:

Links no texto: