Folha de S. Paulo


O campeão? O destaque? Oras...

Todo ano eles fazem tudo sempre igual.

Querem saber quem ganhará o Campeonato Brasileiro, quem se classificará para a Libertadores, quem cairá para Série B e qual será o jogador que mais se destacará no torneio.

É mais ou menos como aquela frase que costuma encerrar as reportagens no Carnaval: "A festa não tem hora para acabar".

Ou na Semana Santa: "Vai faltar peixe".

Veículos de todas as plataformas querem saber os prognósticos dos jornalistas especializados, como se fossem pitonisas, tivessem parte com o capeta ou bola de cristal.

Felizmente esta Folha foi exceção nesta temporada e não precisei responder ao jornal o que respondo aos demais já faz alguns anos: "Não sei. Eu passo".

Pode parecer arrogância ou despreparo, mas não é nem uma coisa nem outra.

Opinar sobre o próximo Galo x São Paulo na quarta-feira que vem é muito diferente de apontar o campeão brasileiro em dezembro.

Ninguém sabe como estarão os times brasileiros depois da janela de transferências, das datas-Fifa não obedecidas, da Copa América centenária e dos Jogos Olímpicos.

Peguemos o Santos, que seria o favorito da coluna.

Como no Brasil a meritocracia é punida em vez de premiada, por ter o melhor time do país, entrosado, capaz até de agradar aos olhos, o bicampeão paulista perderá três de seus principais jogadores –Lucas Lima, Ricardo Oliveira e Gabigol– por eventuais nove rodadas do Brasileirão durante a Copa América, além de perder também Gabigol, Zeca e Thiago Maia por outras tantas por causa da Olimpíada.

Como imaginar o Santos campeão diante de tal prejuízo?

Lucas Lima seria o jogador indicado como o mais provável a se destacar, mas será que ele seguirá em Santos depois da janela ou desfilará no futebol europeu?

Ah, mas o Palmeiras está com um jeitão de que irá longe sob o comando do místico Cuca; o Corinthians tem o Tite e seus milagres em pontos corridos; o São Paulo está mostrando que ficou competitivo sob Bauza, para não falar do Galo, dos gaúchos e, quem sabe?, da Chapecoense, nossa candidata a ser o Leicester brasileiro.

O quê? "Você descarta assim, sem mais, a dupla Fla-Flu?", tem todo o direito de perguntar a perplexa e rara leitora, o surpreso e raro leitor, ainda mais se tricolor ou flamenguista.

Longe de mim, embora pertíssimo, porque tanto um como outro seriam mesmo um espanto se terminassem a temporada de faixa no peito, embora jamais se possa duvidar do manto rubro-negro ou da mística das Laranjeiras.

Enfim, vejo sete candidatos, o que parece conta de mentiroso, ainda mais se disser que aposto mesmo é na Chapecoense.

LIBERTADORES?

Não, carcereiros que aprisionaram a bola e não jogaram à altura do que se espera de São Paulo e Galo em clima de decisão.

Que no Horto vejamos muito mais do que vimos no Morumbi e que os professores Diego Aguirre, uruguaio, e Edgardo Bauza, argentino, não se esqueçam de que só ganhar é pouco.

Mais: o futebol brasileiro não precisa de ninguém que lhe ensine a dar pontapés, até porque já sabe.

Na bola, pela experiência de Bauza e pela vantagem que obteve, o Tricolor pinta como semifinalista.


Endereço da página:

Links no texto: