Folha de S. Paulo


O futebol na Olimpíada

DESNECESSÁRIO REPETIR o sabido: a única conquista que falta ao futebol brasileiro é a medalha de ouro olímpica.

Em 12 participações, três vezes os olímpicos nacionais bateram na trave e voltaram com a prata: 1984, em Los Angeles, 1988, em Seul e 2012, em Londres.

Em duas vezes, voltaram com o bronze: em 1996, em Atlanta, e em 2008, em Pequim.

Diferentemente do que acontece em relação às 20 Copas do Mundo que sempre tiveram a seleção brasileira, nos Jogos o futebol começou a participar só em 1952 e no passado recente, em 1992 e em 2004, nem sequer se classificou para as edições de Barcelona e Atenas.

E, olhe, as tentativas já tiveram Vicente Feola, Cláudio Coutinho, Zagallo, Vanderlei Luxemburgo e Dunga como técnicos, assim como jogadores do nível de Vavá, Gérson, Paulo Roberto Falcão, Júnior, Taffarel, Romário, Bebeto, Dida, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Alex e Neymar, para citar apenas os craques.

Qualquer país estaria feliz com as três pratas, basta pensar como as festejaríamos se fossem do basquete, dono de três bronzes muito comemorados em 1948/60/64.

Mas o futebol brasileiro tem de ser o primeiro sempre e só festeja mesmo quando ganha Copas do Mundo. É possível que ninguém saia às ruas para saudar um ouro no ludopédio.

Muita gente respeitável não gosta de ver o futebol na Olimpíada porque em todos os demais esportes o ouro é o máximo e no esporte mais popular do planeta, não.

Há até quem torça contra uma vitória brasileira, por considerá-la capaz de eclipsar outras façanhas de atletas nacionais.

Ambas as posturas fazem sentido e há ainda uma terceira, a que não dá a menor pelota ao eventual ouro olímpico do futebol brasileiro.

Não é, certamente, o caso deste escriba, que tinha certeza do ouro em 2012 e acompanhou todos os jogos, em Cardiff, em Manchester, duas vezes, em Newcastle, outras duas e, finalmente, em Londres, palco de dupla frustração na decisão: a derrota para os mexicanos de Peralta, autor dos dois gols do 2 a 1, e a constatação da plastificação do santuário de Wembley, a mesma feita, depois, com o Maracanã, o estádio da final desta edição olímpica.

Menos otimista, talvez um bom sinal, a coluna repetirá 2012 em 2016, atrás do time de futebol e de volta à base enquanto perdurar a busca do ouro, que tem neste colunista provavelmente o único brasileiro que trocaria o hexacampeonato mundial pelo lugar mais alto no pódio olímpico. Por quê?

Sinceramente, não sei.

Talvez pela banalização que o pentacampeonato significou, quem sabe pelo simples ineditismo da conquista, embora, contradição das contradições, incoerência das incoerências, se fosse oferecido escolher entre o ouro no futebol ou no basquete masculino a opção seria pelo basquete.

Lembremos que os hermanos argentinos já ganharam duas vezes no futebol recentemente —em 2004, com Carlitos Tevez e em 2008, com Lionel Messi— e uma vez no basquete, em 2004, com Manu Ginóbili mais o técnico Rubén Magnano, hoje na seleção brasileira.

Sí, se puede.

A busca teria mais simpatia geral sob o comando só do técnico Rogério Micale.


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