Folha de S. Paulo


San-São careca

CONVENHAMOS QUE em São Paulo fazer um clássico às 18h30 é um convite ao desinteresse do torcedor que frequenta os estádios, este ser cada vez mais raro no futebol brasileiro, exceção feita, principalmente, aos corintianos que acabam de emplacar a média de quase 33 mil pessoas por jogo nas 61 partidas disputadas em sua problemática casa.

Mas eles, faz tempo, vivem tempos de bonança nos gramados.

O Santos sem cinco titulares a serviço das seleções, a principal e a olímpica –Lucas Lima, Ricardo Oliveira, Gabigol, Thiago Maia e Zeca.

O São Paulo sem Paulo Henrique Ganso, suspenso, Michel Bastos, machucado, Rodrigo Caio, na olímpica, Mena, na chilena, e até Lyanco, na seleção pré-19 sérvia, e sem ganhar nenhum clássico há dez meses, além de diante do desafio de quebrar a invencibilidade santista na Vila Belmiro, 38 jogos desde julho do ano passado.

Nem com a diminuição do preço dos ingressos a Vila lotou, ao contrário, ficou vazia em mais da metade de sua lotação, com apenas 6.000 torcedores.

O primeiro tempo do jogo entre os times sem seus principais jogadores terminou sem gols, sem maiores emoções, o São Paulo seguia sem vencer e o Santos sem perder.

Dalila em ação, San-São fraco.

Felizmente, o Santos tem um padrão de jogo e, de pé em pé, o camaronês Joel marcou belo gol no segundo tempo, aos 13, para fazer o que o time que quis vencer merecia.

Então, o Santos pôs o São Paulo no bolso.

Só não ampliou o placar porque estava sem a, b, c, d e f.

Como o futebol é o futebol, Alan Kardec empatou aos 37 e o San-São terminou careca e sem justiça.

SANTA PACIÊNCIA!

Só faltam duas derrotas para Cuca começar a levar o Palmeiras ao título da Libertadores em 2017, como fez no Galo, em 2013.

Quem sabe se Paulo Nobre, o pior exemplo de novo-riquismo no futebol, não contrata mais dez jogadores?

NO DEFENSORES DEL CHACO

Amanhã a seleção brasileira enfrentará a paraguaia em Assunção.

Moleza, lá, pelas eliminatórias, só uma vez, quando, mesmo em clima de guerra, Pelé e cia venceram por 3 a 0 sob comando de João Saldanha.

De lá para cá, a seleção obteve duas vitórias como visitante, duas derrotas e um empate, além de dois empates e quatro vitórias como anfitrião. Antes, para a Copa de 1954, os brasileiros venceram lá e cá.

Esqueça as últimas duas eliminações impostas pelos paraguaios na Copa América.

Lembre que o jogo desta terça já tem ingredientes dramáticos em número suficiente, a começar pela ausência de Neymar, e aceite que o empate será lucro, embora o discurso dos pracinhas do sargentinho Dunga seja o de vitória obrigatória.

Bons tempos em que podíamos achar que a seleção tinha obrigação de vencer... e vencia.

Não há motivo para esperar bom futebol, apenas virilidade, como quer o linguajar militarista de Dunga.

Lucas Lima e Philippe Coutinho, no lugar de Neymar, seriam as melhores apostas de quem gosta de jogo bem jogado. Mas teremos Fernandinho e Ricardo Oliveira.

Guerra e experiência, duas palavras do vocabulário dunguista.

Ou seria punguista, já que se trata de alguém que bate a carteira de nossas melhores tradições?


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