Folha de S. Paulo


Oba! Tem Fla-Flu no Pacaembu!

"O Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada", dizia Nelson Rodrigues.

São Paulo já o abrigou uma vez, em 1942, empate sem gols e diante de pouco mais de 6.000 torcedores.

Então o clássico carioca valeu pelo torneio Quinela de Ouro, disputado também pelo Trio de Ferro paulistano e vencido pelo Corinthians.

Hoje a expectativa é a de que haja mais gente do que houve no Choque Rei, São Paulo x Palmeiras, no domingo passado –em torno de 14 mil pessoas.

Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, o presidente do Flamengo, está animadíssimo a ponto de dizer, à TV Folha, que se trata do "clássico mais charmoso do futebol brasileiro, no estádio mais charmoso do futebol brasileiro. O torcedor pode almoçar em São Paulo, visitar o Museu do Futebol, e, de sobremesa, acompanhar o jogo. Vai ser um gol de placa".

De fato, começar pelo museu é outro magnífico programa, e este estará aberto até as 13h.

Além do mais, Bandeira de Mello está coberto de razão ao falar tanto do charme do clássico quanto do Pacaembu, como sabe quem já esteve num ou noutro.

Sua declaração deixou implícito que pensava no torcedor carioca, mas o torcedor paulista também terá a chance de estar lá numa tarde para a história –basta dizer que se passaram 74 anos para acontecer de novo no velho e delicioso palco.

O Corinthians jogou ontem, o São Paulo joga hoje em Itu, o Palmeiras em Osasco e o Santos em Rio Claro.

Por que não fazer um programa diferente e ver, certamente para a imensa maioria dos paulistanos, um Fla-Flu pela primeira vez? Sem se falar no grande número de cariocas que vive na Pauliceia e que poderá se sentir ainda mais em casa.

Quem for ao Pacaembu sentirá o verdadeiro clima do Fla-Flu, nada a ver com o clima político que nos acostumamos a chamar como tal e que tem acontecido na avenida Paulista.

No Fla-Flu do tricolor Nelson Rodrigues, e do irmão dele, também jornalista Mário Filho e rubro-negro, embora jamais tenha admitido publicamente, não há lugar para ódio, apenas para rivalidade.

Sadia concorrência que Mário Filho, para não poucos ainda melhor que o mano, chamou primeiramente de Fla-Flu e depois de "Clássico das Multidões", que com o passar dos anos acabou por designar o jogo entre Flamengo e Vasco.

Colorido em vermelho, preto, grená, verde e branco, o Fla-Flu transcende a estupidez do verde e amarelo contra o vermelho e os erros, ou arbitrariedades, de juízes, ou apitadores.

É jogo para gravar e vazar só em emoções, equitativa e equilibradamente.

Pode ter Fred de volta ao Flu, tomara que Emerson Sheik e Guerrero pelo Fla.

Flamengo e Fluminense são também os clubes cariocas que tiveram a coragem de enfrentar a federação estadual do Rio de Janeiro, fundadores que são da bem-sucedida experiência da Primeira Liga, sucesso de público se comparada aos campeonatos estaduais.

Alvinegros e tricolores paulistas, alviverdes, uni-vos!

Desarmem os espíritos e abracem os cariocas.

Quem sabe São Paulo dê uma demonstração da civilidade e do cosmopolitismo que andam faltando pelo país afora?

Bem-vindo Fla-Flu!


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