Folha de S. Paulo


Os 10 mandamentos

É comum ouvir de leitores, ouvintes e telespectadores que os críticos criticam e não apresentam propostas. Não é verdade, mas tudo bem.

A Primeira Liga, com 15 clubes que fazem parte do eleitorado da CBF, acaba de apresentar suas dez ideias para romper com o atual estado de coisas.

Vale a pena conhecer essas propostas por inteiro:

1. Sistema eleitoral. Candidatos a presidente necessitariam do apoio de cinco entidades, entre clubes e federações, para inscrição no processo eleitoral;

2. Transparência. Contratação imediata de uma empresa de auditoria (big four) para análise de todos os negócios e contratos da CBF a fim de apurar as suspeitas de corrupção;

3. Proibição de acumulação de cargos. Impossibilidade de detentores de mandato eletivo e ocupantes de cargos na administração pública, federações e clubes de participarem da presidência e diretoria da CBF;

4. Apoio ao futebol. Venda imediata do avião da CBF e destinação dos recursos arrecadados a um fundo de desenvolvimento do futebol;

5. Política salarial. Proibição quanto à fixação do salário de presidente pelo próprio presidente, definição da remuneração por empresa independente e publicação de salário da presidência e diretoria;

6. Legalidade. Reconhecimento do direito dos clubes das séries A e B de participarem da assembleia administrativa da CBF, segundo o disposto na lei 13.155;

7. Ética. Criação de um conselho de ética formado por pessoas independentes e reconhecidas nacionalmente por suas posturas profissionais, com ampla liberdade de investigação;

8. Liga. Reconhecimento do direito de os clubes criarem a liga nacional para a gestão das duas principais séries do futebol brasileiro a partir de 2017;

9. Gestão. Definição de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e técnicos;

10. Compras e patrocínios. Adoção de manual de procedimentos para a compra de produtos ou serviços, bem como para a negociação de patrocínios, que estimulem a competição e a transparência.

Por mais que pareça uma lista de sugestões a favor da luz elétrica e da água encanada, a CBF seria outra e, por consequência, o futebol nacional, com a implantação delas.

O anedótico comitê de reforma criado pela CBF deveria, se fosse minimamente sério, adotar todos os pontos já na próxima reunião e dar seu trabalho por findo.

Para deixar de ser tão bíblico, e parecer mais com um time de futebol, faltou um 11º ponto, o direito de voto aos capitães das equipes que fazem parte do colégio eleitoral.

Mas essa é uma reivindicação que cabe a quem representa os jogadores, o Bom Senso FC.

Dois itens devem ser destacados do ideário da Primeira Liga: a redução drástica e sensata da cláusula de barreira nas eleições, de 13 para cinco entidades entre clubes e federações, e a criação já para o ano que vem da liga de clubes para organizar os Campeonatos Brasileiros das Séries A e B de 2017.

Some-se a isso o refrescante Movimento Futebol Limpo que faz sucesso nas redes sociais e acende-se uma luz no fim do túnel.

Desesperar jamais!


Endereço da página:

Links no texto: