Folha de S. Paulo


As raposas no galinheiro

Dezessete são os membros do "comitê de reforma" da CBF.

Pelo menos 11 deles são direta ou indiretamente ligados à entidade, o que, por si só, o desmoraliza.

Entre seus membros, além de dois diretores da própria CBF, um deles, o secretário-menor, Walter Feldman, que dirigirá o comitê, encontramos: três presidentes de federações estaduais, todos eleitores do atual presidente interino da CBF e do licenciado, auto exilado no Brasil; advogados que há anos defendem a Casa Bandida, como Álvaro Melo Filho, além do presidente do STJD, que dela depende; o presidente do Botafogo, de pires na mão; Carlos Alberto Parreira, o que disse antes da Copa do Mundo de 2014 que a CBF era "o Brasil que dá certo", certamente uma voz a favor da manutenção de tamanho sucesso; temos também alguns ex-jogadores vitoriosos no gramado, embora opacos nos microfones, de que se pode esperar alguma independência, dentro de limites, se é que isso seja possível, gente como Carlos Alberto Torres, que um dia teve o desplante de criticar Tostão porque este não aceitou auxílio da CBF, Edmílson e Ricardo Rocha; ou o presidente do São Paulo, o Leco, cuja participação faz revirar no túmulo Marcelo Portugal Gouveia, mas de cujas boas intenções não se deve duvidar; tem também a digna Formiga, para representar o futebol feminino, lembrando que o outro diretor da CBF, Rogério Caboclo, acaba de ter seus sigilos quebrados pela CPI do Futebol.

Pergunte se tem alguém do Bom Senso FC, ou um presidente como o do Flamengo ou do Fluminense. Nada!

Tem, é claro, um representante de Andrés Sanchez e uma ex-bandeirinha desfrutável, talvez para homenagear a beleza da mulher brasileira, Ana Paula Oliveira.

Ora, um verdadeiro Comitê de Reforma, depois do 7 a 1 e de três presidentes indiciados pelo FBI, um preso em Nova York e outros dois temerosos de sair do país, não teria de ser apenas majoritariamente independente, mas 100% desvinculado da CBF, ao contrário deste galhofeiro que se criou.

O pior é ver, na mídia, que ainda tem quem o leve a sério, ou diga que o leva a sério, disposto a repetir os erros de um passado histórico e recente, de promiscuidade e relações perigosas, como se viu na cobertura de alguns veículos.

Ridícula, enfim a CBF disponibilizou seu estatuto, embora este tenha sido publicado, integralmente, no blog deste que vos escreve, no UOL, do Grupo Folha, duas semanas atrás.

O hilário comitê, embora trágico, equivale à convocação de um grupo para fazer a necessária reforma política brasileira com nomes como os de José Sarney, José Dirceu, Eduardo Azeredo, Paulinho da Força, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Paulo Maluf, num comitê de dez pessoas.

Não haverá Celso de Mello, Paulo Evaristo Arns ou Chico Buarque que deem jeito.

SEM LIMITES

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, ultrapassa todas as fronteiras do ridículo.

Ao conceder medalhas do Mérito do Desporto Militar a Andrés Sanches e Vanderlei Luxemburgo, entre outros menos votados, ele mantém a trajetória de quem processou Millôr Fernandes porque falou de suas "idioletices".


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