Folha de S. Paulo


O campeão voltou. Voltou?

SEM SEIS jogadores que ganharam o sexto título brasileiro, e golearam o São Paulo por 6 a 1, o Corinthians fez ontem seu primeiro jogo oficial em 2016. Haja seis!

Cássio, Uendel, Felipe, Fagner e Elias são os titulares remanescentes da equipe que perdeu Gil, Ralf, Jadson, Renato Augusto, Vágner Love e Malcom.

É verdade que Yago, Bruno Henrique, Romero, Rodriguinho, Lucca e Danilo, que estrearam no Paulistinha pelo time principal, também participaram, e bem, da campanha vitoriosa no Brasileirão passado.

No entanto, a maior esperança do clube de Parque São Jorge (expressão quase esquecida após o CT na Ayrton Senna e do estádio em Itaquera) está no banco e não entra em campo: o nome dela, a esperança, é Tite.

Não são poucos os corintianos que olham para o copo quase meio cheio e argumentam que, exceção feita a Gil, todos os demais que saíram não eram garantia de coisa alguma quando a temporada de 2015 começou.

Por isso, apostam que as contratações do zagueiro Vilson e de Willians, Marlone, Giovanne Augusto e André, além das ainda em curso (o zagueiro paraguaio Balbuena, o meia argentino Blanco e o centroavante Teo Gutiérrez?), possam preencher as lacunas, contando ainda com a recuperação de Luciano que brilhou na campanha do hexa.

Apostam porque põem suas fichas na capacidade do professor Adenor Bacchi em reconstruir o que os chineses, em grande estilo, e os franceses, em menor proporção, destruíram.

Há quem veja no treinador um profissional abençoado, o que ele rejeita com veemência, no que faz muito bem, capaz de operar milagres –e com responsabilidade menor do que se tivesse que ampliar conquistas se não perdesse mais de meio time.

Num futebol como o brasileiro, sem gênios com as bolas nos pés e sem nenhum esquadrão incontestável, é possível mesmo –e não será um embate inicial com o XV de Piracicaba que dirá estar a razão com os que olham para o copo mais vazio.

No fundo, parece uma falsa questão.

A questão verdadeira está no argumento que ser campeão é estupendo, mas não é tudo.

Saber um time de cor e salteado e querer vê-lo jogar por música é legítimo desejo do torcedor exigente, coisa que o desmonte impossibilita.

É claro que ninguém poderia garantir que Jadson e Renato Augusto repetiriam o desempenho da conquista recente, embora também não haja nenhum motivo para achar que não viriam a repetir.

Indiscutível é o fato de que o Corinthians de ontem não é mais o campeão de anteontem.

Pior: se voltar a ser campeão amanhã, o torcedor já sabe que verá a demolição outra vez em 2017.

Não há paixão que aguente.

Ou há, porque tem aguentado.

Santos, São Paulo e Corinthians sofreram em suas estreias porque inferiores fisicamente aos times que enfrentaram, os três pequenos desde dezembro em ritmo de preparação para o campeonato estadual. É sempre assim. Diferente foi a presença de público: 5 mil para ver o São Paulo, 10 mil na Vila e 30 mil em Itaquera.

O Corinthians, ao menos, venceu, 1 a 0, no fim, gol de Romero, dirão os fiéis otimistas, pessimistas e até os realistas.

Mas o mais exigente perguntará: "Sim, e daí?".


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