Folha de S. Paulo


Um balanço de 2015

Corintianos e palmeirenses tiveram motivos de sobra para festejar nesta temporada.

Uns foram campeões brasileiros pela sexta vez e os outros foram campeões da Copa do Brasil pela terceira.

Os alvinegros terminam o ano, mesmo com a má notícia da perda de Jadson, confiantes sobre 2016, certos de que mais uma vez Tite saberá driblar as dificuldades, sejam quais forem.

Os alviverdes também sorriem, mas ainda desconfiados, porque o título arrancado do Santos não lhes dá a confiança que sobra nos rivais.

Já os são-paulinos, depois de mais um ano de absoluto jejum de títulos, têm ao menos uma pré-Libertadores pela frente e a esperança de que, livres do cartola que os assombrou, arranquem novos tempos do baú, mais especificamente de Edgardo Bauza.

Sobram os santistas, que comemoraram mais um estadual e, depois, ficaram a ver navios.

Seja como for, o futebol paulista reassumiu a hegemonia perdida para o mineiro nas duas temporadas anteriores ao ganhar os dois títulos nacionais mais importantes e tem três dos cinco representantes brasileiros no torneio continental.

Não é pouca coisa. Nem muita.

Porque do ponto de vista externo o ano foi de fiascos em cima de fiascos.

O futebol brasileiro viu pela TV os momentos culminantes tanto da Libertadores quanto da Copa Sul-Americana. Nenhum de nossos clubes nas finais.

Falar da seleção é chover no molhado.

Uma participação vexaminosa na Copa América e outra apenas sofrível nas Eliminatórias.

Jogar bem, então, nem pensar, salvo num ou noutro amistoso desimportante.

Nem por isso José Maria Marin e Marco Polo Del Nero deixaram de inscrever seus nomes na história da CBF, assim como Ricardo Teixeira já havia feito.

O primeiro foi Teixeira, que renunciou e escafedeu-se para Boca Raton.

O segundo, Marin, menos afortunado, conheceu um presídio na Suíça e hoje anda de tornozeleira eletrônica em Nova York, em prisão domiciliar.

O terceiro foi aquele que se licenciou da presidência e, a exemplo do primeiro, não pode mais sair do país porque a extradição vem para pegar.

Como Terezinha de Jesus, a cartolagem deu uma queda e foi ao chão e não há quem o acuda porque em vez de três cavalheiros três letrinhas, FBI, não só lhes nega a mão como querem ver as deles algemadas.

Jornalistas que nasceram nos anos 1940/50 não acreditavam que estariam vivos para ver o que estão vendo.

Um tsunami de proporções planetárias varreu a Fifa, a Conmebol, a Concaf, a Uefa e, aleluia, a CBF.

Caíram o rei do ouro, Joseph Blatter, o da prata, Michel Platini, o de pau, João Havelange, não ficou nada.

Nero ainda inventou um substituto imediato sem sobrenome, porque Fernando Sarney, mais escolado, negou-se a ser o interino (vai que o tsunami atinge também o Maranhão...), e outro permanente, o tal coronel Nunes que, reformado na PM e, supõe-se, habituado a tratar com bandidos, não vê corrupção no futebol e nem sabe o que é uma liga de clubes, como tem, candidamente, declarado.

O FBI foi o melhor gol de 2015.

Que 2016 seja o ano da reconstrução é o que deseja a coluna, em férias por 30 dias.


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