Folha de S. Paulo


Cai mais uma marca brasileira

A SELEÇÃO BRASILEIRA segue como a única pentacampeã mundial, embora com a Alemanha e a Itália, tetracampeãs, em seus calcanhares.

Já entre os clubes, no torneio patrocinado pela Fifa desde 2000, o Barcelona deixou o Corinthians, bicampeão, para trás e é agora o único tricampeão.

Verdade que, na contagem nacional, o São Paulo também é tri, e batendo no Barcelona em 1992, assim como o Internacional o derrotou em 2006. Mas, nesta contagem, que considera a Taça Intercontinental como Mundial, como sempre se fez no Brasil, o Real Madrid e o Milan são tetracampeões.

Com a chancela da Fifa, são oito títulos europeus e só quatro sul-americanos, todos brasileiros.

Computados os intercontinentais, a vantagem segue sendo europeia, 29 a 26, diferença obtida mais recentemente porque antes de a Fifa patrocinar o torneio, quem ganhava eram os sul-americanos (22 a 21).

Do mesmo modo que na Copa do Mundo (11 a 9 para o Velho Continente), os europeus começaram a fazer poeira a partir da globalização, basta dizer que as últimas três Copas foram vencidas por eles, algo que jamais havia acontecido para nenhum dos lados do planeta.

Claro que por causa da força das moedas, mas também por uma visão do negócio que sobra por lá e falta por aqui.

Basta dizer que no massacre catalão sobre os portenhos os três gols foram sul-americanos, o primeiro e o terceiro, de Messi e de Suáres (o segundo também foi do uruguaio) com passes de Neymar. Pés sul-americanos derrotaram os argentinos.

O River não levou goleada do tamanho da do Santos em 2011 por dois motivos: foi mais humilde e limitou-se a tentar levar o jogo para a decisão na marca do pênalti, arriscando contra-ataques esparsos.

Após sofrer 1 a 0, ainda aos 35 min do primeiro tempo, achou no segundo que poderia buscar algo mais e aí só não tomou meia dúzia porque os catalães, melhor dizendo, os sul-americanos Messi, Suárez e Neymar, perderam gols por preciosismo ou egoísmo. Também porque, ou só porque não precisavam.

Brasileiros, argentinos e uruguaios continuam a manter suas mais que respeitáveis escolas de futebol e, como desde 2000, o campeão mundial de clubes tinha pelo menos um titular nascido no Brasil.

O problema do nosso continente está em que cada vez mais essas escolas são como as escolas maternais, no máximo pré-primárias, porque a exportação de pé de obra se dá muito cedo e Lionel Messi é apenas o melhor exemplo, embora longe de ser o único.

Graças a um modelo de gestão falido e corrupto, basta ver quanto cartolas deste lado do mundo estão presos ou indiciados pelos escândalos que abalam a Fifa, a Conmebol e a CBF. Mais de uma dezena! Os que não estão presos, na cadeia ou em casa, seguem prisioneiros em seus países, impossibilitados de sair para não serem extraditados.

Aos poucos, todas as marcas brasileiras e sul-americanas são soterradas pela supremacia europeia.

Até 2014, desde 1930, os europeus não conseguiam vencer uma Copa do Mundo na América.

Desnecessário lembrar o que aconteceu no Brasil.


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