Folha de S. Paulo


A sociedade se manifesta

Está no forno, à espera de pitadas finais, a primeira manifestação conjunta de dezenas de cidadãos, das mais diferentes áreas de atuação, como protesto contra a vergonha internacional em que a CBF se transformou.

Nunca antes neste país a chamada sociedade civil havia feito nada parecido. A iniciativa transcende o mundo do esporte nacional, embora, obviamente, tenha o firme apoio de entidades como Atletas pelo Brasil, Universidade do Futebol e Bom Senso FC.

Quem fez o trabalho de coleta de apoios conta que foi impressionante a rápida e unânime aceitação, com contribuições frequentes para acrescentar ao texto inicial.

A CBF causa indignação até em quem não imagina e houve quem pedisse para que o nome dos ex-presidentes indiciados pela Justiça norte-americana nem fossem mencionados para não "contaminar" o manifesto, reivindicação compreensível, mas não atendida pelo núcleo que tomou a iniciativa.

Está claro que a CBF perdeu inteiramente a credibilidade e que precisa mudar de cabo a rabo.

A começar por um novo modelo eleitoral que acabe com a pornográfica cláusula de barreira, que exige o respaldo de oito federações estaduais e de cinco clubes num colégio eleitoral de 67 eleitores, quase 20% do eleitorado.

Algo como 10% será muito mais razoável e sem que se estabeleça diferença entre clubes e federações, as capitanias hereditárias que perderam o sentido não é de hoje. Mais a participação proporcional de jogadores.

A convocação da assembleia geral marcada para a quarta-feira (16) no edifício José Maria Marin, que não tem mais o nome na fachada, mas segue batizando o prédio da CBF, está repleta de ilegalidades e é contestada na Justiça.

Até mesmo a alegada carta de renúncia de José Maria Marin é objeto de desconfiança, não só por atender aos interesses do não-viajante Marco Polo como, ainda, por desobedecer o acordo feito pelo vice-presidente com a Justiça ianque, que o proíbe de se dirigir a quaisquer indiciados por ela.

Além do mais, por que cargas d'água Marin facilitaria a vida de Nero, e complicaria a própria, se o presidente licenciado o traiu ao deixar Neusa Marin abandonada em Zurique quando de sua prisão?

Se não bastasse, o colégio eleitoral indicado para a assembleia não atende à nova legislação esportiva em vigor no Brasil, por não incluir os clubes de futebol feminino que compõem as duas primeiras divisões do esporte no país.

Como se vê, a sociedade tem carradas de motivos para se indignar e exigir não só a renúncia imediata de Nero como eleições em novos moldes.

Entre o eventual otimismo e o claro desejo, parece que os dias da atual CBF estão contados.

SUCESSO?

A média de público do Brasileirão em 2014 foi de apenas 16.552 pagantes. Neste ano aumentou para só 17.059, incremento de 507 torcedores. Convenhamos, 3% de crescimento não é motivo de festa.

ENFIM...

...é como diz um sábio ditado norte-americano: jamais brigue o leão com o gambá, pois quem os vir engalfinhados não identificará de onde vem o mau cheiro.


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