Folha de S. Paulo


Um campeão justíssimo

Ah, o futebol!

Com 10 segundos de jogo o menino Gabriel Jesus teve o gol à disposição e permitiu que Vanderlei fizesse grande defesa.

A arena alviverde que vivia uma noite esfuziante levou o coração à boca e quase o engoliu sete minutos depois, quando Fernando Prass evitou o gol de Marquinhos Gabriel em linda jogada e Victor Ferraz mandou o rebote na trave.

Definitivamente, a decisão da 27ª Copa do Brasil não era jogo para cardíacos.

Aí o clássico teve 12 minutos de tensa calmaria, se é que isso é possível, mas sem que fossem criadas novas chances de gol.
Dudu teve boa chance aos 19, mas chutou torto.

Dois minutos depois Gabriel Jesus deu uma furada e pediu pênalti, que não aconteceu. Aos 25, David Braz se machucou e o Santos perdeu o comandante de sua defesa.

Enquanto ainda tinha 10 jogadores, Barrios quase encobriu Vanderlei em nova chance clara de gol.

Só então Werley entrou na zaga.

O Santos fazia cera e tratava de manter a vantagem conquistada na Vila Belmiro. Mas era espremido pelo Palmeiras, que jogava no embalo da torcida.

Rafael Marques, aos 41, entrou no lugar de Gabriel Jesus, que não suportou as dores no ombro.

Se o veterano David Braz chorava ao sair da final, o menino Gabriel Jesus também se derramou em lágrimas.

O primeiro tempo, terceiro quarto da final, durou 50 minutos, sinal correto da arbitragem para o Santos não insistir na catimba.

O 0 a 0 não fazia justiça ao Palmeiras, mas dava o bicampeonato ao Santos.

Não havia um palmeirense jogando mal e entre os santistas os três principais jogadores, Lucas Lima, Ricardo Oliveira e Gabriel, decepcionavam. Vanderlei era o nome, como Fernando Prass no jogo de ida.

Pressionado pelo relógio, o Palmeiras voltou com tudo e, aos 11, finalmente, Dudu abriu o placar, em triangulação perfeita entre Barrios, Robinho e Dudu.

No mínimo, e pela primeira vez, a Copa do Brasil seria decidida na marca do pênalti.

Geuvânio foi chamado para o lugar do desaparecido Gabriel e o Santos parecia impotente.

Já o Palmeiras teve de trocar Barrios, machucado, por Cristaldo e numa decisão arriscada de Marcelo Oliveira, sacou João Pedro, com cartão amarelo, por Lucas Taylor.

Thiago Maia não suportou e Paulo Ricardo foi chamado por Dorival Júnior.

Dudu ampliou, aos 39, em falha da defesa santista e esperteza do palmeirense.

Parecia o fim e o justo tricampeonato alviverde.

Ah, o futebol!

Não é que dois minutos depois quem bobeou foi a defesa palmeirense em cobrança de escanteio pela esquerda e Ricardo Oliveira, o artilheiro do ano, empatou o jogo no placar agregado.

O sofrimento dos pênaltis ficou inevitável ainda mais porque o assoprador de apito, que ia bem, deu apenas um minuto de acréscimo, como se para se livrar de qualquer imprevisto.

O telão do Estádio Parque Antártica, como diz a placa da prefeitura nas imediações do campo, mostrava defesas de Fernando Prass.

Que não só pegou uma cobrança como marcou a última ele mesmo, principal responsável pela conquista que, por ontem, acabou justa e indiscutível.

O Santos que se arrependa de adiar o jogo da ida e de ter poupado o time no Brasileirão.


Endereço da página:

Links no texto: