Folha de S. Paulo


Agora, o Peru

CONVENHAMOS QUE o empate em Buenos Aires foi uma dádiva do deus dos estádios porque a seleção brasileira chegou a ter momentos, no primeiro tempo, simplesmente medonhos.

É verdade e já foi dito que no segundo tempo as coisas melhoraram graças à providencial entrada de Douglas Costa, além de Neymar ter jogado mais centralizado.

Embora não se possa comparar o amparo que ele encontra no Barcelona mesmo sem Messi, não parece ser da melhor política escalá-lo aberto pela esquerda nem no time catalão desfalcado de seu melhor jogador.

Tanto lá quanto cá, e ainda mais cá onde é o melhor, deixá-lo centralizado deve ser a escolha certa.

Desde que a seleção pare de jogar na base da ligação direta e com seus três setores mais próximos uns dos outros, para que um Di Maria não pinte e borde como fez no Monumental de Núñez nos espaços vazios entre o meio de campo e a defesa brasileiros. Nem é bom pensar o que teria acontecido nos 45 minutos iniciais caso Messi e Agüero estivessem em campo.

O Peru não tem nenhum Di Maria, nem Agüero, nem muito menos Messi. Tem Guerrero que não é jogador para levar time algum ao paraíso, algo que a nação flamenguista precisa entender loguinho, antes de queimar um bom, e apenas isso que não é pouco nos dias que correm, centroavante.

Na Fonte Nova, em Salvador, amanhã à noite, com a defesa brasileira reforçada pela ausência de David Luiz, e tomara com a manutenção de Lucas Lima para que ele possa começar a se sentir tão à vontade como no Santos, além da volta de Douglas Costa como titular, ninguém deve esperar facilidade, porque os tempos andam tão bicudos que a Islândia jogará a Eurocopa-16 e a Holanda não.

A Holanda ficou em terceiro lugar na última Copa e a Islândia, bem, a Islândia se dá ao luxo de ter 329.277 habitantes, 50,4% de homens, menos gente que o bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo.

Em bom português: com um trabalho de prospecção bem feito, investimento na base e treinamento moderno, a seleção do Grajaú poderia fazer sucesso mundialmente.

O Peru tem 30 milhões de habitantes e Guerreiro, mas se tamanho de população fosse determinante para estabelecer qualidade no futebol não só a Islândia não estaria onde está e a China reinaria.

Enfim, que a terça seja bom aperitivo para a rodada do Brasileiro que pode decidir o campeonato..

VASCO X CORINTHIANS

São Januário, com capacidade ampliada, receberá um Vasco x Corinthians que poderá entrar para a história como outros embates entre os dois times já entraram.

Como em 1980, quando Roberto Dinamite voltou de só seis meses no Barcelona e marcou os cinco gols da goleada vascaína em seu reencontro com o Maracanã, por 5 a 2.

Ou quando o Corinthians comemorou no mesmo Maracanã a conquista do primeiro Mundial de Clubes da Fifa, em 2000.

Ou ainda quando o Vasco derrotou o Alvinegro no Pacaembu e praticamente selou o rebaixamento corintiano, em 2007, na penúltima rodada. Ou, finalmente, no célebre jogo em que Cássio fez milagre diante de Diego Souza e permitiu ao Corinthians seguir vivo na Libertadores, em 2012.


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