Folha de S. Paulo


Onze pontos fazem a diferença

Primeiro ponto, não é ponto, é nome, de quatro letras: Tite.

Apesar de aqui se tentar não valorizar demais o papel dos treinadores, o papel dele no hexacampeonato do Corinthians é enorme.

Remontou o time em pleno Brasileirão depois de constrangedora eliminação na Libertadores e da perda de Fábio Santos, seu gerente em campo, Petros, Emerson Sheik e Guerrero, os artilheiros da Libertadores e do Mundial de Clubes;

2º. O goleiro Cássio parece ter acordado com a presença do ótimo substituto Walter e faz um campeonato irrepreensível;

3º. Fagner começou a jogar como jamais havia feito e Uendel também deu conta do recado. Se não bastasse, o menino Guilherme Arana apareceu e até o zagueiro central Yago se saiu bem na lateral-esquerda quando precisou.
Tite, ao se aposentar, pode abrir uma escola de laterais, porque depois do que fez com Alessandro e Fábio Santos em 2011/12, repetiu a dose agora;

4º. O quarteto de meio de campo corintiano foi a diferença maior na conquista do título. A reserva ajudou Ralf, que voltou inteiro, e Elias, Renato Augusto e Jadson parecem trigêmeos que se completam e se divertem trocando de posição, dando ritmo ao time, quebrando o dos adversários e fazendo gols, muitos e decisivos;

5º. Aqui uma pausa para outro reconhecimento fora do gramado, para os que puseram Renato Augusto tão 100% que ele nunca mais se machucou.
Bruno Mazziotti fez Ronaldo Fenômeno voltar a jogar, repôs Alexandre Pato no rumo e fez de Renato Augusto o melhor de todos os campeões;

6º. O ataque é um capítulo à parte porque não existe um ataque, existem vários, até quando não existiram.
Malcom e Vagner Love formam a dupla que encerrou a campanha, mas Luciano esteve nele e foi fundamental, embora fique a impressão de que até um poste se daria bem, tantas são as bolas que chegam em condições de ser finalizadas com sucesso. Nada menos que 17 jogadores alvinegros fizeram gols, até Mendoza e Romero;

7º. A segurança de quem entra no time, mesmo em situações complicadas, porque o modo solidário da equipe atuar permite não tremer.
O veterano Edu Dracena começou inseguro e se firmou, e um menino como Marciel, assim que foi preciso, atuou como se fosse veterano e até gol fez no Fluminense, assim como não se assustou ao enfrentar o Palmeiras na casa do rival;

8º. Compactação, diminuição de espaços, bola de pé em pé, triangulações constantes, marcação permanente e serenidade diante das dificuldades construíram a marca registrada de um time que, se não arranca suspiros, causa admiração;

9º. O Corinthians está às portas de ganhar também o troféu de time mais disciplinado do Brasileirão, como o que menos recebeu cartões amarelos e vermelhos, além de ter o melhor ataque, a melhor defesa e ser o maior vencedor dentro e fora de casa;

10º. A Fiel é sempre parte das conquistas e desta vez não foi diferente, ocupando a Arena Corinthians;

11º. A vitória de ontem deu-se como o imaginado. O Galo Doido veio com tudo e o Timão Cirúrgico não perdoou a imprudência: 3 a 0 foi o bastante, com direito a golaços de Vagner Love e de Lucca, de voleio. Pode?


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