Folha de S. Paulo


Capital do futebol

Belo Horizonte perde o lugar para São Paulo depois de dois anos como capital do futebol brasileiro.

Parece brincadeira, mas bastou Marco Polo Del Nero sair da FPF para que dois paulistas decidam uma Copa do Brasil pela primeira vez e que seus cinco participantes no Campeonato Brasileiro possam estar, embora seja improvável, na Libertadores do ano que vem, que já tem o Corinthians assegurado, além de estar às portas de ser o campeão do país.

Lembremos que no ano passado, com seis clubes brasileiros, São Paulo não teve nenhum representante.

Tudo isso aos trancos e barrancos, é verdade, sem que se possa dizer que haja ao menos uma dessas equipes capaz de arrancar suspiros do torcedor, apesar da indiscutível firmeza corintiana e do encantamento santista ao jogar na Vila Belmiro, como se a brisa marinha produzisse milagres na Baixada.

Não se pode, também, atribuir a marca às administrações dos clubes, todos endividados e com gestões que passam ao largo do século 21.

O Palmeiras vive de um mecenas que mais cedo ou mais tarde cobrará a conta; o São Paulo passa pela pior de suas crises políticas em muitos anos; o Santos resiste da mão para a boca, assim como a brava Ponte Preta; e o Corinthians não só devia aos seus jogadores até a semana passada como ainda tem um presidente que cada vez que abre a boca produz um despautério, até capaz de desfazer de marcos históricos do clube, como a Democracia Corinthiana, cantada em prosa e verso pelo mundo afora.

O torcedor comum não quer nem saber, embora devesse.

Para ele basta constatar a alegria de ver Palmeiras e Santos na decisão de torneios pela segunda vez no ano, o Corinthians prestes a ser hexacampeão, a Ponte Preta lutando por cima em vez de brigar para não cair e o São Paulo, apesar de tudo, sobrevivendo.

OS FAVORITOS DE HOJE

No estádio Independência o favoritismo é do Galo que deve jogar como se decidisse o título em casa.

O Corinthians não, porque sabe que nada se decide neste domingo e sem Elias, ausente em três das quatro únicas derrotas do time neste Brasileirão, será complicado se aproveitar do provável ímpeto camicase do Galo para surpreendê-lo em casa.

O Corinthians já deu provas suficientes de ser maduro e equilibrado. A tal ponto que sabe o quanto será bom se conseguir empatar.

Já na Vila Belmiro o favoritismo é todo do Santos, em busca de sua 15ª vitória consecutiva em casa.

É tão favorito como seria na quarta-feira, contra o mesmo Palmeiras, caso não tivesse pedido o adiamento das finais da Copa do Brasil, muito mais favorável ao rival.

Daqui a quase um mês tudo pode estar diferente e a esperança verde está no passado, anos 1950/60, quando o Santos de Pelé só perdia títulos exatamente para o Palmeiras, que não era tão bom como o Santos, mas tinha um timaço.

Nem o Santos de hoje tem Pelé, nem o Palmeiras tem Julinho Botelho.

Como não têm nem Coutinho, nem Ademir da Guia.

Só que, hoje, o Santos tem Lucas Lima e Ricardo Oliveira.

Terá nos dias 25 de novembro, na Vila, e no dia 2 de dezembro, na casa alviverde, datas das finais da Copa do Brasil?

Eis a questão.


Endereço da página:

Links no texto: