Folha de S. Paulo


Tite tinha razão

Tite passou os últimos dias pedindo ao torcedor alvinegro que apoiasse e fosse paciente com Vagner Love, o centroavante que andava brigado com o gol e perdendo bolas incríveis.

É claro que o técnico está no seu papel ao apelar ao torcedor e que o papel de quem torce é mesmo o de respaldar os jogadores em fases infelizes.

O que não se pode exigir do jornalista, ainda que este eventualmente também seja corintiano.

Com fama de adepto das vitórias magras e até mesmo de gostar de um empate fora de casa, Tite, além do mais, vem insistindo para que o Corinthians ataque e não se limite a garantir vitórias apertadas.

Pois é o que tem acontecido com o time que já marcou 57 gols em 31 jogos e que deixou de estacionar um ônibus na frente da área quando sai na frente.

Ontem, na Arena da Baixada, só no primeiro tempo, o Alvinegro fez 3 a 0 no Furacão, e provou que é possível estocar mais que vento, para satisfação de Dilma Rousseff.

Não satisfeito, Tite seguiu mandando o time ir à frente no segundo tempo, apesar de ter sofrido um gol do adversário e deu tão certo que o quarto gol não demorou, na cabeçada de Vagner Love milimetricamente impedido.

Não é que o centroavante já havia feito o segundo gol, em belo chute para coroar o passe de Renato Augusto?

Não, não se cometerá aqui o exagero de dizer que Vagner Love foi o personagem da partida, como talvez Tite preferisse, porque este foi Renato Augusto, autor dos outros dois gols e do passe para um terceiro, em mais uma apresentação exuberante.

Mas Tite não precisa pedir apoio para nenhum outro jogador alvinegro, muito menos nos casos de Renato Augusto, Jadson, Elias, Ralf, Gil, Felipe ou Cássio, base de um líder cada vez mais difícil de ser batido, em casa, com aproveitamento de 88,8%, e mesmo fora, com 56,2%.

E que já chegou às redes adversárias com 17 jogadores diferentes, uma democratização do acesso ao gol que não se viu, por exemplo, no pentacampeonato corintiano, em 2011, quando 13 jogadores marcaram os 53 gols da equipe, quatro a menos dos marcados quando ainda faltam sete rodadas para acabar o campeonato, provavelmente o do hexa.

Porque a derrota do Galo no Recife para o Sport estabelece uma diferença de oito pontos que só se uma catástrofe abalar Itaquera será tirada pelo vice-líder, ainda mais que o Corinthians jogará mais quatro vezes em casa, contra Flamengo, no domingo que vem, Coritiba, São Paulo e Avaí.

Fora, falta enfrentar o Galo, o Vasco e o Sport.

Mais vitorioso treinador da centenária história alvinegra, Tite se aperfeiçoou a tal ponto que reconstruiu um elenco médio e o fez jogar um futebol acima da média do futebol que se joga hoje em dia no Brasil.

No futuro, se o hexa vier como parece, é possível que a façanha seja atribuída a Tite.

A coluna atribuirá mais a Renato Augusto e a Jadson, mas seria injusta se não reconhecesse que ambos nunca jogaram tanto quanto sob o comando dele.


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