Folha de S. Paulo


A Liga

Você que gosta de acompanhar campeonatos pelo mundo afora já se deu conta de que há uma palavrinha comum em todos eles?

O rico futebol inglês, de gramados impecáveis e estádios sempre lotados, são organizados por uma tal Premier League.

O melhor futebol do mundo, o alemão, está abrigado na Bundesliga.

Na Espanha de Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, quem comanda é a Liga das Estrelas, La Liga.

Está ligado (com trocadilho)?

Tem também a Liga Italiana e, é claro, a Liga dos Campeões da Europa, a cereja do bolo.

Nem precisa falar sobre aquilo que você vê pelas ruas brasileiras, meninas e meninos com camisas de clubes estrangeiros, adultas e adultos.

Notou a palavrinha comum? Liga!

No Brasil já temos uma, muito bem-sucedida, a Liga do Nordeste, que se não fosse interrompida por interesses menores durante mais de dez anos provavelmente teria permitido ao futebol da região estar menos defasado do que ainda está na relação com o eixo Rio-São Paulo-Minas-Sul.

Pois eis que surge agora a Liga Sul-Minas-Rio uma nova luz no horizonte do atrasado futebol brasileiro.

Que terá a direção profissional de um cartola briguento, polêmico, com muitos vícios que deveriam estar enterrados, mas um leão na luta por seus objetivos, carne de pescoço, quem já o enfrentou bem sabe: Alexandre Kalil, o presidente que se aliou até ao diabo para dar ao Galo sua primeira Libertadores.

Agora, quando a CBF está mais enfraquecida do que nunca, é ele quem empunhará uma das lanças da modernização inevitável, a ruptura que a vanguarda do atraso teme a tal ponto que em suas teorizações pedestres confunde o Brasil Colônia com o Brasil Império.

A Liga que ora nasce não é ainda a solução, porque sem os clubes grandes paulistas e sem os das demais regiões do país.

Mas é um passo, um passo adiante na direção de termos aqui o que tem o mundo avançado do futebol, onde as Ligas comandam os campeonatos de clubes e as associações nacionais tomam conta das seleções, em pacífica convivência, porque não há outra escolha, com as Ligas.

Por mais que se debatam, as federações estaduais e seus campeonatos, como hoje os conhecemos, estão sentenciados de morte, e não é por outra razão que a Federação Paulista de Futebol tenta se distinguir das demais num desesperado esforço de sobrevivência –certamente em vão quando os cinco grandes do Estado perceberem o que estão perdendo.

O apodrecimento da Fifa, e dos que a cercam, revela que a mudança urge e não será dirigida dos presídios suíços ou americanos. Já basta o PCC.

Patrocinadores que sempre alegaram não patrocinar a Fifa, mas as populares Copas do Mundos, ou não patrocinar a CBF, mas a vitoriosa seleção brasileira, hoje temem ver suas marcas associadas ao mundo do crime, aos cartolas presos ou denunciados ou a um futebol que levou de 7 a 1.

Quem tem nome a zelar quer mudar.

Mudemos pois!


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