Folha de S. Paulo


Domingo de Galo

O Corinthians está fadado a cumprir com a sua obrigação e despachar o penúltimo colocado Joinville.

Não que seja fácil porque nada é fácil neste Brasileirão, mas, se não bastasse a diferença técnica entre os dois times, os catarinenses jogaram na quinta à noite para voltar a jogar hoje pela manhã, desvantagem considerável como ensina o beabá da preparação física.

Garantidos os três pontos que levarão a diferença para seis pontos entre líder e vice-líder, restará aos fiéis secar o Galo à tarde, no clássico do Mineirão.

Mesmo como visitantes, os atleticanos são os favoritos diante do desespero do Cruzeiro, a apenas um ponto da zona do rebaixamento.

Não diga que clássico é clássico e vice-versa porque, embora seja verdade, ainda assim existem favoritos a ser derrotados neles.

Não acredite também que o Corinthians vem caindo ao ver a sua vantagem despencar de sete para três pontos.

No primeiro turno, contra os mesmos Fluminense, Palmeiras e Grêmio, o Alvinegro ganhou apenas um ponto, ao passo que agora conquistou cinco. Então, previa-se o pior, até que o time lutaria para não cair.

Hoje, ao contrário, o objetivo de ser hexacampeão é realista, por mais que estejamos apenas na 25ª rodada, com mais 13 pela frente.

Tanto contra o Palmeiras, fora de casa, quanto contra o Grêmio, dentro, o time de Tite mostrou elogiável poder de recuperação, ainda mais que os adversários jogavam melhor quando os empates vieram.

Time maduro mesmo recheado de garotos, o Corinthians não revela nenhuma ansiedade, ao contrário do Galo, numa fila interminável que já dura 44 longos anos.

Anos em que a conquista pareceu ao alcance das mãos e fugiu, o que torna traumas mais agudos e leva alguém ponderado como Levir Culpi a botar pilha no complexo e dizer que o Brasileirão está manchado.

Pois hoje no Mineirão ele tem a chance de seguir removendo a mancha que, é claro, só estará desfeita, nesta visão estreita, caso, enfim, venha o bicampeonato brasileiro.

A mania de desqualificar conquistas dos rivais faz parte da incultura nacional, como a desonestidade que, em última análise, a alimenta.

Desnecessário dizer que a CBF colabora para tal estado de coisas ao não dar bola às inevitáveis desconfianças que seu passado remoto, e recente, produz.

Ao permitir que clubes vendam seus mandos de campo e tornem desiguais os jogos de que participam; ao fazer times jogarem na quinta à noite e no domingo de manhã; ao escalar árbitros para embates de times de seu Estado; ao estreá-los em jogos de alta responsabilidade; ao ser cúmplice de uma justiça esportiva risível; ao não respeitar as datas-Fifa.

Há muito que se fazer para tornar nosso futebol uma instituição moderna e confiável. Por enquanto, voltemos os olhos para o Mineirão.

ROMÁRIO X ROMERO

O Baixinho encontrou em Jucá um zagueiro como jamais viu.

A CPI nasceu para morrer.


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