Folha de S. Paulo


Seleção fora da edição

O primeiro susto aconteceu no domingo passado.

Abro esta Folha certo de que leria as impressões de PVC sobre o jogo do sábado da seleção brasileira contra a Costa Rica.

"Workaholic" assumido, ele, ao contrário de Tostão e de mim, trocaria, eu imaginei, a coluna escrita para o primeiro clichê da edição de domingo. Pois não trocou.

Fui ao "Globo", ao "Estado", e os quatro companheiros colunistas dos outros dois maiores jornais do país também não tinham uma linha sequer sobre a vitória conquistada com gol ilegal de Hulk.

Mas nem no "Lance!", nosso diário esportivo, tinha algum de seus colunistas que tocassem no amistoso.

Pensei com meus botões que na segunda-feira todos se redimiriam e nem dei bola para o tema ao preferir tratar apenas do Dérbi.

Para minha surpresa, apenas PVC, e mestre Fernando Calazans no "Globo", dedicaram algumas linhas ao assunto, assim mesmo nos pés de suas colunas.

Vacinado, não me surpreendi ontem ao não ver na imperdível coluna de Tostão alusão à goleada de Neymar e companhia sobre os Estados Unidos, 4 a 1 na casa deles.

A CBF conseguiu não apenas que a seleção perdesse prestígio internacional, haja vista o pouco público presente em ambos os jogos disputados nos Estados Unidos, mas que seu time deixasse de ser prioridade por aqui.

Peço desculpas à rara leitora e ao raro leitor pela minha falha nas colunas do domingo e da segunda-feira e aproveito a de hoje para dedicá-la inteiramente à amarelinha, além de sugerir a Marco Polo Del Nero que telefone para a Fifa (já que viajar ele não viaja mesmo) e peça para doravante a seleção só jogar amistosos, porque neles ela é imbatível, além de corajosa e até brilhante em alguns momentos.

Assim foi, valente, nos 10 primeiros minutos contra a Costa Rica e contra os Estados Unidos, quando Hulk abriu o marcador nos dois jogos.

Contra os EUA, que começaram o amistoso comportando-se como obedientes sobrinhos de Tio Sam e o terminaram como violentos marines, o segundo tempo, com Neymar desde o início, foi um show e 4 a 1 não exprime o espetáculo, que ficaria melhor, digamos, com um 7 a 1 –não, sai pra lá!, com um 7 a 0 no placar.

Como joga este time em amistosos!

Foram 12 até aqui sob o comando de Dunga, com 12 vitórias incontestáveis, embora nem sempre convincentes.

E olhe que os americanos haviam vencido alemães e holandeses, por 2 a 1 e 4 a 3, de virada, em junho.

Não há como contestar que o time brasileiro tem sido exemplar quando não há três pontos em disputa –que o diga a Colômbia, derrotada no primeiro amistoso da série, em Miami, mas vencedora do jogo que valia, na Copa América, em Santiago.

Se Nero for bem sucedido ao atender meu apelo, voltaremos a ser os reis do futebol e deixaremos aos alemães essa mania chata de competir para vencer.

Se não for, veremos como a seleção se comportará em 8 de outubro, contra o Chile, nas eliminatórias.


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