Folha de S. Paulo


A bola pune o Corinthians

A DIFERENÇA entre o líder Galo e o vice-líder Corinthians neste Brasileirão tecnicamente fraco, não é de apenas dois pontos como mostra a tábua de classificação.

A maior diferença é que o time mineiro está onde está porque joga e deixa jogar.

Já o alvinegro paulista nem joga nem deixa jogar.

Assim, enquanto o primeiro marcou 29 gols e sofreu 13 para chegar aos 32 pontos que tem, o segundo fez apenas 17 e sofreu nove, em 15 jogos e 30 pontos.

Faça as contas: o Galo tem média de quase dois gols marcados por jogo e o Timão só quase um. Os mineiros sofrem quase um gol por jogo e os paulistas pouco mais de meio gol por partida.

Mas a diferença maior não é nem esta.

A maior diferença é que os jogos do Galo são gostosos de serem vistos e os do Corinthians são irritantes.

Verdade que Levir Culpi tem opções de ataque que Tite não tem.

Digamos que a comparação entre Lucas Pratto e Vagner Love explica muita coisa. Mas não só.

Talvez o Corinthians não viva neste campeonato para se arrepender da perda de Paolo Guerrero, pau a pau com Pratto ou melhor que o argentino.

Contra o fraquíssimo Coritiba ficou patente a falta que faz um ataque, principalmente numa tarde em que o meio de campo ajudou pouco na criação.

Ao depender dos zagueiros –Felipe fez o gol corintiano e Edu Dracena deixou de fazer o que estabeleceria o 2 a 0– e ao se ressentir da falta de alternativas ofensivas quando nem Elias, nem Jadson, nem Renato Augusto jogam bem, fica a pergunta que vale mais que investir no peruano que está tirando o Flamengo do sufoco: aonde pode chegar o time sem ataque num campeonato tão equilibrado?

Nada indica que a resposta seja a que os corintianos sonham. Nem pode.

O gol coxa nos acréscimos foi o castigo que o Corinthians mereceu.

OUTRA DIFERENÇA

Festejar que depois de 48 anos o Brasil tenha ficado na frente de Cuba nos Jogos Pan-Americanos tem só duas explicações: o anticomunismo que, como o regime, ficou fora de moda, e a pobreza de espírito da cartolagem nacional que busca sempre tapar o sol com a peneira.

Somos mais que 200 milhões e os cubanos não chegam a 12 milhões. Além do mais, Cuba, com todos os seus problemas, tem uma política esportiva que até hoje não fomos capazes de formular.

Não se trata de diminuir as medalhas nacionais.

Na verdade nem faz sentido cobrar mais qualidade de quem, como nós, tem tão pouca quantidade de atletas se pensarmos em nosso potencial e por mais que, nos últimos anos, como nunca, muito dinheiro tenha sido investido para melhorar o desempenho brasileiro.

Nosso problema é o mesmo de sempre: falta política, falta projeto, falta governança, falta transparência, falta democracia, sobram ganância e corrupção nas entidades esportivas nacionais.

Nada autoriza imaginar que será diferente no Rio, na Olimpíada, embora, certamente, o Brasil vá superar Cuba, uma ilha cercada de problemas por todos os lados.


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