Folha de S. Paulo


Ah, os paraguaios...

Você sabe quantos jogadores do Guaraní paraguaio estão entre os 23 da seleção que disputa a Copa América?

Pergunto porque, como é do conhecimento de todos, o Guaraní está classificado para disputar as semifinais da Taça Libertadores da América, depois de ter deixado pelo caminho, além do Racing, campeão argentino, o Corinthians, quando o alvinegro ainda tinha Guerrero, Emerson Sheik e Fábio Santos, lembra deles? Os dois primeiros são agora do Flamengo e o lateral esquerdo está no Cruz Azul, do México.

Você ainda não respondeu: sabe quantos do bravo Guaraní estão no Chile pelo Paraguai? O temido centroavante Santander, por exemplo, está lá?

Não, não está, porque lá estão Roque Santa Cruz e Lucas Barrios, o primeiro do Cruz Azul, o segundo, argentino naturalizado paraguaio, comprometido com o Palmeiras.

Acabemos com o suspense: só Alfredo Aguilar, do Guaraní, está entre os 23 e como terceiro goleiro.

Daí ser ocioso lembrar da eliminação na mesma Copa América, quatro anos atrás, na célebre tarde em que Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred perderam os quatro pênaltis.

Elano e André Santos isolaram a bola, Thiago chutou para defesa do goleiro e Fred bateu para fora, culpa, segundo eles, da própria marca do pênalti, embora os guaranis, batendo evidentemente do mesmo lugar, tenham convertido duas de três cobranças e seguido adiante.

Mano Menezes era o técnico, Neymar e Alexandre Pato perderam gols incríveis no 0 a 0 de La Plata, em 120 minutos de mau futebol.

Sábado, caso haja empate nos 90 minutos, não haverá prorrogação, mas é bobagem lembrar do que houve na última Copa América porque lá se vão quatro anos.

Do lado brasileiro restaram Thiago Silva e Robinho. Do paraguaio, o goleiro Villar e Lucas Barrios, dirigidos por Tata Martino, hoje no comando da seleção argentina.

O confronto direto amplamente favorável aos brasileiros também conta pouco porque, como já dito, todos sabem que podem vencer a seleção brasileira.

Melhor será não subestimar o Paraguai.

UM MÊS

Depois de amanhã fará um mês que José Maria Marin está preso em Zurique.

Dizem que chora muito.

Talvez esteja ponderando se valeu a pena passar a vida de deslize em deslize para chegar aos 83 nesta situação, embora bem melhor que a de Vladimir Herzog, em 1975, no DOI-Codi, na rua Tutoia, em São Paulo, de onde só saiu morto depois de torturado pela ditadura.

Marin não quer que alguém lembre disso, mas o juiz Ulisses Pascolati Junior discorda e absolveu o colunista que lembrou.

Para o juiz, "é direito e até dever do jornalista retransmitir fatos históricos verdadeiros para que os leitores possam fazer o juízo de valor que bem entenderem". E disse mais: "A história, enfim, não pode ser esquecida ou apagada; ela deve ser lembrada e passada a novas gerações para que eventos desabonadores –como foi o regime de exceção– que envolvam a nação não sejam repetidos".


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