Folha de S. Paulo


Vexame afastado

Robinho, tanto tempo depois, voltou a ser a esperança brasileira para a seleção seguir viva na medíocre Copa América que se disputa no Chile.

Contra a seleção venezuelana os brasileiros jogaram com a inaceitável vantagem de saber que bastava empatar para depois pegar o Paraguai nas quartas de final.

Vantagem que os chavistas, quer dizer, os bolivarianos, isto é, os venezuelanos também tinham, apesar do silêncio dos bravos senadores oposicionistas brasileiros.

O velho Robinho, 31, logo aos 8 minutos, bateu escanteio para Thiago Silva chutar de primeira e abrir o marcador. Verdadeiro desafogo contra o risco do vexame, do ridículo.

Gol que permitiu ao time de Dunga mandar no jogo mesmo longe de ser brilhante e ampliar para 2 a 0 logo no começo do segundo tempo, quando o irregular Willian deu um gol de presente ao inseguro Roberto Firmino.

O 2 a 1 veio tarde.

Dos adversários possíveis nas quartas de final, só a Bolívia seria preferível ao Paraguai.

Mas, lembremos, houve um ex-cartola corintiano que festejou ter o Guaraní paraguaio como adversário nas oitavas da Libertadores.

AZARES

Tanto a seleção brasileira sub-20 jogou para ser campeã mundial, na Nova Zelândia, quanto a feminina mereceu ir adiante na Copa do Mundo, no Canadá. Mas a bola pune e os gols perdidos contra a Sérvia e Austrália, respectivamente, castigaram os meninos e as mulheres.

Verdade que, nas quartas de final, no sub-20, contra Portugal, nossos meninos foram massacrados e só se classificaram nos pênaltis porque, naquele dia, os deuses dos estádios estavam bravos com os lusitanos.

No futebol feminino, se Marta já não é mais a mesma, Formiga, aos 37, está cada vez melhor.

MISÉRIAS

O melhor futebol mostrado pelos quatro grandes paulistas tem 35 anos, já tinha brilhado no campeonato estadual e parece ter fôlego para seguir brilhando no nacional.

Ricardo Oliveira é seu nome, autor do golaço que deu ao Santos a vitória sobre o Corinthians e das melhores jogadas de seu time.

De resto, o Corinthians é um fim de feira que enche de orgulho seu ex-presidente e o Palmeiras, em Porto Alegre, mais uma vez mostrou que seu problema não está em trocar de Oliveiras, mas num elenco longe de ser a maravilha que se imagina.

Sobra o quase líder São Paulo, capaz de se deixar surpreender e só empatar com o Avaí em pleno Morumbi, embora prejudicado pela anulação incorreta de um gol de Pato.

O nível técnico do Brasileirão é tão miserável que nada do que acontece no Chile, na Nova Zelândia ou no Canadá, na Copa América ou nas Copas do Mundo dos garotos e das mulheres surpreende.

Robinho, aos 31, vira esperança. Formiga, aos 37, segue dando as cartas. Ricardo Oliveira, aos 35, está melhor que Firmino e Tardelli.

Mas Walter Feldman, o secretário menor da CBF, segue estimulando os clubes a sabotar a Medida Provisória do Futebol, embora nem tenha coragem de admitir.


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