Folha de S. Paulo


Dureza contra Honduras

Hoje em dia qualquer que seja a vitória deve ser valorizada. Mas não é preciso exagerar como no Beira-Rio.

A seleção brasileira é a quinta colocada no ranking da Fifa e a de Honduras é a 75a.

Admitindo-se que ninguém pagou um tostão de propina para estar em tais colocações, convenhamos que ganhar dos hondurenhos no Beira-Rio é simplesmente obrigação.

Mas em 2001, na Copa América, também era e, comandado por Felipão, o time formado por Marcos; Juan, Luisão e Cris; Belletti, Emerson, Eduardo Costa, Alex e Júnior; Denílson e Guilherme foi eliminado por Honduras, num 2 a 0 vexaminoso.

Ontem, no Beira-Rio, depois de um sofrível primeiro tempo com vantagem mínima, Neymar entrou no segundo para mudar a cara do jogo e garantir a 10a. vitória seguida do time de Dunga. Mas não mudou. Teve duas ou três participações brilhantes e só.

Se a seleção jogar assim contra a Argentina levará uma surra inesquecível.

ENVELHEÇAM!

Nelson Rodrigues recomendava aos jovens que envelhecessem.

De que cartola tirou semelhante despautério só mesmo a brilhante cabeça dele para explicar.

Porque, exceção feita as netas, não há vantagem em envelhecer, motivo de enorme tédio ao constatar que certas coisas se repetem, se repetem e se repetem.

A irresponsável dança dos técnicos em nosso futebol é uma delas.

Ao ver jovens companheiros indignados com as trocas é impossível não lembrar quantas vezes já batemos na mesma tecla sem resultado.

A violência feita pelo Cruzeiro ao dispensar o bicampeão brasileiro Marcelo de Oliveira dá a medida.

Antigamente, quando muitos desses jovens jornalistas ainda engatinhavam, era comum dizer que o time tal era um jato nas mãos de um piloto de teco-teco.

Hoje acontece o inverso, como no Corinthians.

Teria Tite o direito de pedir as contas por ter sido enganado? Não seria um caso de anulação de casamento por erro essencial?

Jamais Tite fará isso até por ter sido mantido depois do vexame Tolima, algo que o Cruzeiro jamais faria.

Dos raros acertos na vida de um cartola, a atitude parece ter a gratidão eterna do treinador, mesmo que o tal cartola diga que o manteve porque técnico é tudo igual.

Cada peça que cai neste começo de Campeonato Brasileiro reforça o quanto a cartolagem é atrasada e incompetente

A ponto de os clubes deixarem de aproveitar este momento especial vivido pelo coconspirador número 12 da CBF, assim nomeado pelo FBI.

Com um pé em cada canoa, os presidentes dos clubes se prestaram ao papel subalterno de comparecer ao ex-edifício José Maria Marin para se solidarizar com o chefão em apuros – e disposto a entregar os anéis para manter os dedos.

Entrega limitada a deixar que clubes passem a gerir os campeonatos de que participam.

Romper de vez os grilhões nem pensar, criar a liga jamais, porque, afinal, com as exceções de praxe, os cartolas dos clubes sonham em ser como os da CBF.

Sem prisões, é claro.

Ou fugas repentinas.

Ou virar número 12 do FBI.

GOLPE

A bancada da bola sabota a MP do Futebol e tenta fazê-la caducar.


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