Folha de S. Paulo


Começou a maratona!

EM CUIABÁ, no calor de mais de 30 graus, quando o primeiro tempo acabou nem Fábio nem Cássio tinham feito nenhuma defesa.

Em São Paulo, no frio de menos de 20 graus, quando o intervalo chegou Rogério Ceni e Paulo Victor tinham feito apenas uma defesa cada um.

Na Arena Pantanal, onde o Cruzeiro começou melhor e o Corinthians terminou superior, ao cabo dos primeiros 45 minutos uma lagartixa caiu do teto.

No Morumbi, numa situação de mais equilíbrio, outra lagartixa despencou da cobertura.

Dois jogos que deixaram para os segundos tempos a emoção, ao menos a emoção, que o torcedor merece.

Aquela que não faltou no sábado, também em São Paulo, quando o Palmeiras e o time reserva do Galo empataram 2 a 2, com direito a empate alviverde no último segundo.

Ou mesmo no Rio, no jogo do Fluminense, que só ganhou no fim do caçula Joinville, por 1 a 0.

Ou ainda em Porto Alegre, que viu a Ponte Preta também empatar nos acréscimos contra o Grêmio, num 3 a 3 sempre bom de ver, mesmo que com técnica rudimentar, apesar de um belíssimo gol do pontepretano Renato Cajá.

Porque se o futebol brasileiro já anda tecnicamente pedestre, o que mais se poderia esperar dos três clássicos nacionais da primeira rodada se Galo, Cruzeiro, Corinthians e São Paulo se pouparam com a cabeça na quarta-feira de Libertadores?

É verdade que há quem veja no Palmeiras um elenco capaz de lutar pelo título, algo que nem o mais ardoroso rubro-negro vê no Flamengo.

Menos mal que o paraguaio Romero fez um gol para o Corinthians já mais para o fim do jogo e se Cássio teve de fazer duas defesas no segundo tempo, mais fáceis que difíceis, Fábio seguiu sem fazer nenhuma.

Também mais para o fim do clássico no Morumbi, e com a entrada de Ganso e Pato, o São Paulo abriu 2 a 0 sobre o Flamengo, tomou um gol de pênalti no finzinho e manteve a vitória num segundo tempo que pôde ser chamado de jogo, ao contrário do que houve na Arena Pantanal.

Boas notícias? Sim, há.

Afinal, em oito jogos, antes dos dois da 18h30, já tinham sido marcados 26 gols e a Ilha do Retiro, palco de cinco deles, está com um gramado aparentemente muito bom, condição obrigatória para espetáculos de qualidade.

Faltavam estrear os campeões paulistas e cariocas.

Que não fugiram ao baixo padrão do futebol jogado no país e não passaram de dois empates em jogos sofríveis, para dizer o mínimo.

O Santos, na Ressacada, foi incapaz de vencer o Avaí e ficou no 1 a 1 graças às oportunidades desperdiçadas pelo time catarinense.

E o Vasco, em São Januário, penou contra o Goiás para ficar no único 0 a 0 da rodada, num embate de dar sono.

O que conduz o especialista e o torcedor a um denominador comum: como faltam 37 rodadas para acabar a maratona, tudo, simplesmente tudo pode acontecer, seja para definir o campeão e as vagas na Libertadores, seja para fugir do rebaixamento.

Repita-se: tudo pode acontecer, até nada.


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