Folha de S. Paulo


Até que enfim!

Afinal, a final!

Ufa, estava mais que na hora.

Santos e Palmeiras se encontrarão pela 101ª vez na Vila Belmiro desde 1916 e se os anfitriões empatarem o confronto, no mínimo, levarão a decisão do Estadual para a marca de pênalti.

São 42 vitórias alviverdes, 41 alvinegras e 17 empates.

O Palmeiras tem a vantagem, mas não o favoritismo.

O Santos não tem nem uma coisa nem outra.

A decisão está aberta e caberá ao Santos fazer prevalecer não só o fator casa, mas a presença de Robinho, que tanta falta fez no jogo de ida.

Já ao Palmeiras resta se comportar não como fez em sua casa, quando foi tímido e perdeu a chance de liquidar a disputa, mas como fez na casa do Corinthians, quando foi de seu tamanho e mesmo depois de chegar ao empate seguiu em busca da vitória.

O regulamento serve apenas nos minutos finais de uma decisão. Jogar desde o começo com ele, como se diz, embaixo do braço, é arrematada bobagem.

Tomara que tenhamos hoje o que não vimos uma semana atrás: um belo espetáculo de futebol, coisa que preocupa menos aos palmeirenses e santistas. Eles só querem ser campeões – a 23ª vez dos alviverdes, a 21ª dos santistas.

Corintianos e são-paulinos chupam os dedos e fingem se preocupar apenas com o Guaraní paraguaio e com o Cruzeiro, os adversários da quarta-feira que vem, pela Libertadores que, cá entre nós, é mesmo o que importa.

Pergunte a qualquer torcedor o que ele prefere: estar na decisão do Estadual ou nas oitavas de final do torneio continental?

Mas pergunte, também, se ele não gostaria de ser um dos protagonistas desta final na Vila Belmiro.

O torcedor quer tudo.

EXEMPLAR

O que se viu na quarta-feira passada em Fortaleza, no Castelão, foi tão espetacular e fora da curva para nossos padrões que só resta dizer, colonizadamente, que a Premier League inglesa assinaria a noite memorável da decisão da Lampions League.

Curiosamente organizada por uma liga de clubes da região, com requintes que jamais passam ou passaram pela cabeça da CBF.

Detalhes pequenos como uma taça bonita e confortável para ser erguida, com fitinhas das cores de Ceará e Bahia em suas alças; a moeda personalizada para o cara ou coroa; as flâmulas idem trocadas pelos capitães antes do jogo. E uma festa de luzes que encantou aos mais de 64 mil torcedores que bateram o recorde de público no Brasil desde a final entre Alemanha e Argentina na Copa de 14 –o que deve acontecer hoje, de novo no Maracanã, para Vasco e Botafogo.

Não bastasse o entorno, o jogo que deu o título ao Ceará também seria assinado pelos europeus, tamanha a velocidade e a verticalidade com que foi disputado, um 2 a 1 buscado até o fim e que poderia ter sido perfeitamente um 5 a 4, tantas foram as belas oportunidades criadas.

Sim, rara leitora, raro leitor, a final da Copa do Nordeste foi o que de melhor aconteceu no futebol brasileiro até esta altura da temporada.

Há luz no fim do túnel.


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