Folha de S. Paulo


Brasileiros em vantagem

Quando o jogo começou no Morumbi, brasileiros e argentinos tinham quatro times classificados para as oitavas de final da Libertadores.

Os argentinos vindos de um 2014 muito melhor, vice-campeões mundiais, campeões da Libertadores e da Copa Sul-Americana. No embate mais quente do futebol continental, quem se sairia melhor na fase de grupos?

Do lado gringo, que começou o torneio com seis times, estavam classificados o Boca Juniors, River Plate, Racing e Estudiantes, com o Huracán eliminado pelo Mineros.

Do lado brasileiro, classificados o Corinthians, Cruzeiro, Inter e Galo. O Corinthians desde a penúltima rodada e os outros três na última.

Na terça-feira, o Cruzeiro superou o Universitario de Sucre, ainda longe do futebol bicampeão nacional, mas o suficiente para fazer justiça a Marcelo Oliveira, que remonta seu time em pleno voo.

Ontem, o Inter despachou o Strongest que, sem a altitude de La Paz, é Weakest mesmo.

Finalmente, o Galo.

O Galo das jornadas impossíveis, capaz de fazer o 2 a 0 de que precisava sobre o Colo-Colo num jogo extraordinário em que perdeu pênalti, mas viu Rafael Carioca fazer um gol imortal, de peito de pé, da intermediária no Horto, que também pode ser chamado de Pátio dos Milagres.

Faltava o São Paulo se classificar para eliminar o San Lorenzo e estabelecer a superioridade brasileira: 5 a 4.

O Morumbi, diferentemente do Beira-Rio e do Independência, não tinha o número de torcedores que o jogo merecia, porque o são-paulino não acreditava como os colorados e, principalmente, os comoventes atleticanos.

Mas era a chance de o Tricolor dar a primeira grande alegria ao seu torcedor em 2015. Deu.

Para os corintianos apenas o prazer sádico de eliminar seu maior rival na atualidade. Não deu.

Com 15 minutos de jogo, estava claro que havia um São Paulo pilhado no gramado e um Corinthians incapaz de jogar.

Aos 18, Sheik infantilmente foi expulso.

Aos 31, num bate-rebate na área alvinegra, eis que Luis Fabiano, tão em falta, fez o gol que significaria muito, quase tudo: a classificação, o fim de oito anos e 13 jogos de invencibilidade corintiana no Morumbi e a primeira derrota oficial do adversário no ano.

Aos 40, o melhor jogador do São Paulo na temporada, Michel Bastos, fez todos os são-paulinos que não foram ao Morumbi se arrependerem de não terem ido: 2 a 0 e o desenho de uma goleada.

Ao corintiano restava apenas um consolo: em vez do Galo, o adversário nas oitavas de final será o paraguaio Guarani.

Ao Tricolor, vice-campeão brasileiro do ano passado, caberá o bicampeão Cruzeiro, assim como ao Boca Juniors caberá o River Plate.

Nas oitavas está garantida a vantagem brasileira, mas nas quartas não, porque haverá outro embate nacional, entre Inter e Galo.

O segundo tempo reservou as expulsões do Fabuloso, para variar, e de Mendoza.

E uma bola na trave de Cássio.

O futebol brasileiro comemora.


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