Folha de S. Paulo


A volta do quarteto

Se você fosse dono de uma empresa exporia o nome dela no peito de alguém mal visto pelo mundo?

Pois há quem o faça, com a cumplicidade da Federação Paulista de Futebol (FPF), nem aí para a credibilidade. Lembremos: seu atual presidente assumirá a CBF no dia 16.

Patrocinar arbitragens é meio caminho para manchar uma reputação ou levantar suspeitas, ainda mais se o patrocinador expuser sua marca também num time envolvido na disputa.

O conflito de interesses é tão óbvio que não requer explicação, mas num Brasil em que até "jornalistas" fazem propaganda, o que mais escandaliza?

Ah, sim, a corrupção, embora de maneira seletiva, em clima de Fla-Flu.

As quartas de final do Paulistinha bastaram para mostrar como foi inoportuna e descabida a iniciativa do patrocinador do Palmeiras. Em prejuízo do próprio Palmeiras.

Que não só provavelmente teria a Ponte Preta, no Parque Antarctica, pela frente nas semifinais caso o time campineiro não tivesse sido prejudicado pelo assoprador do apito no jogo contra o Corinthians, como teria goleado o Botinha.

Imagine se o erro do gol anulado fosse de alguém com a camisa do patrocinador do Corinthians.

Mas não imagine, constate que os dois pênaltis não marcados para o Palmeiras foram erros do assoprador que levava no peito e nas costas a mesma marca que os jogadores alviverdes levam no peito e nas costas.

Quem argumentar que o lance na casa corintiana foi complicado, daqueles que comprovam como é urgente a adoção da arbitragem eletrônica, está cheio de razão. Mas o que se discute aqui é o adicional de pressão a que são submetidas as arbitragens quando se faz o que fez a FPF.

Apenas sob pressão ainda maior que a normal um árbitro deixa de marcar o empurrão e o puxão sofridos por Dudu, ambos na cara do outdoor ambulante com um apito na boca.

Sim, futebol é um jogo frequentemente decidido por erros, mais até dos jogadores que dos apitadores.

O São Paulo, por exemplo, só pode passear no segundo tempo contra o Red Bull porque, no primeiro, seu centroavante Edemilson perdeu um gol imperdível.

Já o Palmeiras só não goleou porque a arbitragem não deixou, como não deixou a Ponte ao menos sonhar com a classificação ou com a disputa de pênaltis.

Em resumo, entre mortos e feridos, salvaram-se Corinthians e Palmeiras numa semifinal e Santos e São Paulo noutra, como queria a FPF e não queria o colunista, na torcida pelos quatro times do interior nas finais, para enterrar o estadual.

Repetem-se as semi de 2011 que levaram Santos e Corinthians às finais. Em 2009 também se classificaram os mesmos quatro, mas com outra composição nas semi, embora com as mesmas finais de dois anos depois, as primeiras vencidas pelo Corinthians de Ronaldo, as outras pelo Santos de Neymar.

Santos que passeou nos 3 a 0 sobre o XV de Piracicaba, com dois gols de pênalti, pasme, muito bem assinalados por Sua Senhoria, o árbitro.


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