Folha de S. Paulo


E Fred pediu apoio

Fred decretou que o Campeonato Carioca acabou e pediu que a imprensa apoiasse sua luta.

É compreensível que assim seja. Em regra as pessoas acham que a imprensa tem um poder que não tem. Há até quem diga que seja o quarto poder, embora, imagino eu aos 45 anos de estrada, se é mesmo até hoje este é o quarto mais escondido do condomínio em que vivemos.

A imprensa não tem como ajudar Fred porque, muito antes de cair a ficha para o centroavante do Fluminense, a imprensa já mostrava a fragilidade e a inutilidade não só do Campeonato Carioca, mas do Paulista, Mineiro, Gaúcho, Pernambucano, Baiano, Catarinense, Paranaense, enfim.

Os campeonatos estaduais, como são hoje, acabaram!

Não resolvem a vida dos clubes médios e pequenos e atrapalham a dos grandes.

Condenam os boias-frias do futebol a nove meses de desemprego e fingem que lhes dão trabalho.

Melhor que esperar ajuda da imprensa, que enfim não existe para ajudar ninguém, seria se o articulado, corajoso e competente Fred tratasse de convencer seus companheiros de profissão a engrossar as fileiras do Bom Senso FC que, não é de hoje, denuncia a iniquidade dos estaduais.

Fred tem bom nível e há de estar informado sobre a Medida Provisória do futebol. Nela estão embutidas as sementes da formação da liga dos clubes, solução que permitirá a organização de um outro calendário, de eventuais novos torneios, sem o sistema eleitoral viciado que vigora há décadas e produz dinossauros como os que dominam o futebol brasileiro.

Dia desses, na ESPN Brasil, viu-se um Raí, perplexo, quase cair da cadeira ao ouvir do cartola da Ferj que as ligas de clubes europeias são, "por analogia", nossas federações estaduais. Era algo tão estapafúrdio como se ele tivesse dito que o homem não chegou à Lua ou que Elvis Presley não morreu.

Mas o cartola da Ferj que incomoda Fred vai mais longe, ao comemorar a média de público do Carioquinha deste ano, inferior a cinco mil pagantes por jogo, embora melhor que nos anos anteriores, apesar de alguns sem Maracanã e sem Engenhão. Rubinho, eis o nome do predador, comemora!

Não, Fred, não peça ajuda da imprensa que não é por aí.

Reúna sua turma, chame seus companheiros, explique ao culto Alecsandro (culto? curto!) que você não está com choro de perdedor e que depois do 7 a 1, que você sentiu na carne, as chances para mudar estão postas.
Mas não será com editoriais, nem colunas, nem reportagens.

Será com a união dos atletas.

VERDADES

Com todo respeito, e a bem da verdade, não é verdade que não seja verdade que Carlos Miguel Aidar queria a queda de Muricy Ramalho agora.

Queria antes, queria agora e seguiria querendo depois se as circunstâncias não colaborassem para o desfecho na última segunda-feira.

Por mais que ele negue e esgrima argumentos aparentemente lógicos.

Quem o entrega não são apenas os que a ele se opõem. Até os próximos. Até parentes.


Endereço da página: