Folha de S. Paulo


O clássico alvinegro

Fosse no Rio e o jogo entre Corinthians e Santos seria chamado de o "Clássico Vovô", como Botafogo x Fluminense. Mas em São Paulo o embate não tem apelido, embora tenha muita história, clássico paulista mais antigo, desde 1913.

Então, o Santos venceu em Parque Antarctica por 6 a 3 e passou até 1917 sem derrota.

Em 1920, porém, sofreu a pior goleada: 11 a 0. Só voltou a vencer sete jogos depois, em 1924.

O sete é um número familiar no confronto, porque apareceu por quatro vezes no placar, duas a favor de um, outras duas a favor de outro, a mais recente, em 2005, 7 a 1 para os alvinegros da capital.

Verdade que, uma vez, em 1927 –olha o sete outra vez aí–, os praianos golearam por 8 a 3.

A vantagem corintiana nos confrontos é praticamente insuperável, mesmo depois de ficar 11 anos, entre 1957 e 1968, sem ganhar do rival pelo torneio estadual: 126 vitórias a 99.

A explicação para o desequilíbrio está mesmo nos primórdios, porque do Campeonato Brasileiro para cá, desde 1971, são 18 vitórias corintianas, 17 empates e outras 17 vitórias santistas. É no estadual que a diferença é grande: 80 a 60.

O que esperar de hoje? Basta o empate para o Corinthians garantir o primeiro lugar na classificação geral o que deve lhe dar a vantagem de decidir sempre em casa, desde que vença no tempo normal seus jogos nas quartas e nas semifinais.

E o empate é o placar mais comum nos últimos dez jogos entre ambos. Foram cinco, com três vitórias do Timão e duas do Peixe desde 2012.

Tite e seus titulares e seus reservas são os únicos invictos e mais que embalados, ao contrário do Santos que perdeu a invencibilidade em seu penúltimo jogo, para a Ponte Preta, e só empatou, na Vila Belmiro, com o São Bento, sempre sem Robinho.

Mas clássico é clássico e vice-versa. Não só Robinho & Cia. têm a chance de quebrar a série invicta de 19 jogos oficiais do rival como a de fazê-lo perder em seus domínios, Itaquera, após 28 partidas.

Puxar pela história, sempre baseado no formidável aplicativo "Almanaque do Timão" de Celso Unzelte, é o jeito para driblar a monotonia que envolve o Paulistinha, até porque nunca se sabe se os treinadores usarão força máxima ou pouparão seus principais jogadores com vistas ao futuro próximo, na busca de evitar desgastes como o que tirou Danilo de ação por dez dias, fruto de um tendinite.

Menos mal que Tite já tenha garantido força máxima, como Marcelo Fernandes.

Em resumo, o Corinthians x Santos de hoje vale pelo que são o Corinthians e o Santos de hoje e de ontem, há décadas um clássico equilibrado.

Os corintianos jamais esquecerão as sete pedaladas do 7 Robinho numa final de Brasileirão, em 2002, nem os santistas deixarão de lembrar o gol de Sheik, na Vila, dez anos depois, numa semifinal de Libertadores.


Endereço da página: