Folha de S. Paulo


Assim não vai dar

Quando primeiro tempo terminou em Buenos Aires, o 0 a 0 era tudo que o São Paulo queria.

O empate encaminhava a classificação para as oitavas de final da Libertadores.

Mas o futebol...

Por favor, que ninguém me diga que o importante era o resultado, porque estou cansado de saber. Literalmente.

Nem me venha narrador algum dizer que o jogo estava bom e que o São Paulo jogava bem porque o jogo era uma porcaria e São Paulo não jogava nada.

Basta dizer que o goleiro Torrico, do San Lorenzo, não aparecia nem para bater tiro de meta.

Já Rogério Ceni aparecia mais, mas defesa mesmo fez só uma, no último minuto dos quatro de acréscimos.

O Tricolor não tinha Luís Fabiano como já se tornou tradicional em momentos decisivos e perdeu Alan Kardec, trocado por Centurión ao fim da etapa inicial.

Paulo Henrique Ganso estava em campo, como tinha de estar porque, em caso contrário, teria encerrado sua carreira no Morumbi. Estava em campo, mas não jogava bulhufas, assim como Alexandre Pato.

Na verdade, as estrelas Ganso e Pato não pareciam entender o que se disputava no Nuevo Gasómetro, embora a defesa são-paulina não desse brecha para o San Lorenzo se arrumar. Mas segurar a bola na frente, mantê-la por mais tempo, explorar a ansiedade do rival que precisava porque precisava vencer, nem pensar!

Para o segundo tempo, o atrevimento do argentino Centurión entre seus compatriotas deu, ao menos, um fogo que o São Paulo não mostrara até então.

Mas o não jogo seguiu impávido e a expectativa de gol era mais ou menos a mesma que se tem de uma atitude equilibrada do cartola que preside o São Paulo.

Aos 25 minutos, porém, Martin Cauteruccio, que acabara de entrar, deu um sombrero em Rafael Toloi e marcou um golaço, prêmio, ao menos, para quem buscou.

O São Paulo morreu? Não, o São Paulo não morreu porque tem tantas chances como o San Lorenzo, além de dois gols a mais de saldo.

O Danubio, seu próximo adversário, por exemplo, mostrou mais alma em Itaquera que o Tricolor em Buenos Aires.

Ai, ai, ai, vai dar?

EM ITAQUERA

Sem nenhum ponto em três jogos, os uruguaios do Danubio chegaram na Arena Corinthians repletos de más intenções. E com um goleiro disposto a parar Guerrero e Sheik.

Só que se Pato patina, Jadson, para desespero dos são-paulinos, resolve, tanto batendo falta como puxando contra-ataques e enfiando bolas preciosas, como as do primeiro gol dele mesmo e do segundo, de Guerrero, numa jogada primorosa.

Sim, o Corinthians enchia os olhos e parecia praticar, enfim, um esporte diferente do visto minutos antes na Argentina, sem se falar que o Danubio tem alma, mas é tudo que tem, além de um beócio que chamou Elias de macaco e ouviu sua mamacita homenageada.

Com 20 segundos no segundo tempo Guerrero fez 3 a 0 e com 22 minutos, 4 a 0. O que mais o corintiano poderia querer? Mais nada, mas, não só o corintiano.

Quem gosta de futebol gostou do que viu.


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