Folha de S. Paulo


De placa!

Só na quinta-feira, enfileirando os jogos das 17h, 19h30 e 21h, foram 16 gols: quatro no Stade de France, oito na Arena Corinthians e mais quatro em Moisés Lucarelli. Alguns belíssimos, como o de Crislan, do Penapolense, o primeiro dos três do time interiorano, de cavadinha, por cobertura sobre o gigante Cássio do Corinthians que vencia por 5 a 0.

Os ex-santistas Neymar e Rildo também fizeram belos gols contra a França, pela seleção brasileira, no 3 a 1 em Paris, e contra o Santos, pela Ponte Preta, no 3 a 1 em Campinas.

O Penapolense marcou sua passagem pela capital paulista transformando um massacre num resultado honroso diante do único invicto que sobrou no Paulistinha, pois a Ponte acabou com a invencibilidade santista, e a seleção brasileira deixou registrada a visita à capital francesa com uma vitória também categórica que acabou com diversas escritas como a rara leitora e o raro leitor já estão cansados de ler e ouvir: a seleção bleau-blanc-rouge vinha invicta desde a Copa no Brasil, a verde-amarela jamais havia ganho em Saint-Dennis etc. etc. etc.

Ganhou e bem, não para vingar 1998 nem para esquecer o 7 a 1, duas missões impossíveis.

Ganhou porque os brasileiros sempre foram melhores que os franceses, mesmo que haja equilíbrio nos confrontos diretos e vantagem tricolor em jogos de Copa do Mundo.

Ganhou porque o time brasileiro é bom, mesmo que não encante com só um fora de série, o capitão Neymar.

É provável que ao ler estas linhas você já tenha visto o jogo da seleção de Dunga contra a do Chile, em seu oitavo jogo desde a volta como técnico à CBF, e é possível que a série de sete vitórias até tenha sido interrompida, porque esta hora chegará.

Vale, porém, lembrar que a seleção não reflete o futebol que se joga no Brasil, por mais que o jogador brasileiro seja capaz de pregar peças fabulosas.

Aqui, e enfim, vamos ao que deu mote a esta coluna.

O gol de Robinho, não o Robinho que fez falta ao Santos em Campinas e ficou no banco em Paris.

O Robinho branco, o do Palmeiras, que veio do Coritiba, como Alex, o genial Alex que fez gol de chapéu em Rogério Ceni, num dia 20 de março de 2002, em pleno Morumbi, depois de já ter chapelado o zagueiro Emerson, para estupefação de 50 mil torcedores.

Eis que 13 anos e cinco dias depois, outra vez os palmeirenses comemoram um gol antológico em cima do goleiro são-paulino, o que, aliás, apenas o engrandece –apesar de ele não querer gravar um depoimento sobre o chapéu para o documentário que está sendo produzido sobre Alex.

Se o Morumbi não registra com placa o gol fenomenal como o Maracanã fez com o de Pelé, em 1961, também em março, no dia 5, e também pelo Rio-São Paulo como o de Alex, contra o também tricolor Fluminense, cabe à direção palmeirense homenagear o feito na nova casa, assim como Pelé fez ao ver Marcelinho Carioca marcar um golaço no filho Edinho, na Vila Belmiro, em 1996.


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