Folha de S. Paulo


Majestosíssimo

Tenicamente não foi nada de especial. Mas mesmo diante de apenas 18 mil torcedores, o que dá a medida do quanto o são-paulino anda desconfiado de seu time, São Paulo e Corinthians disputaram um clássico com um nível de tensão, e de faltas, bem acima do que valem os três pontos nesta fase do campeonato.

Mais uma vez deu Corinthians. Mais uma vez com gol decisivo de Danilo. Mais uma vez com Cássio pegando pênalti cobrado por Rogério Ceni. Novamente no Morumbi, onde o alvinegro segura longa invencibilidade de oito anos, sexta vitória em 13 Majestosos.

Rogério, segundo o excelente aplicativo "Almanaque do Timão", de Celso Unzelte, está a apenas seis gols de sofrer o centésimo gol do rival, computados jogos na base. Ontem saiu derrotado pela 25ª vez em 65 Majestosos, que venceu 20.

Pior: foi a 49ª vitória corintiana no Morumbi no clássico de número 137, 15 a mais que as derrotas.

Ou ainda mais: um triunfo sustentado com apenas 10 jogadores por quase 40 minutos, graças à absurda expulsão do zagueiro Gil, punido com cartão vermelho, e pênalti, num lance em que, para se proteger de uma bolada no rosto, ergueu legalmente o cotovelo.

Era tão clara a vontade dos tricolores em apagar a má impressão deixada no jogo de ida da Libertadores que o time se deixou levar pela ansiedade e pelo nervosismo.

Restou aos alvinegros reagir à altura, mas sem perder a cabeça, beneficiados por um monte de faltinhas infantis cometidas pelos rivais, num jogo truncado que só interessava aos visitantes.

Onze contra 10, mais uma vez, e a exemplo do que já fizera contra o Palmeiras, Tite pôde exercitar aquilo que sabe fazer como ninguém, e que até parece lhe despertar um prazer sádico: estacionar o ônibus à frente da grande área e deixar o adversário jogar pelota basca, ou frontão, bola contra a parede, bola contra a parede, bola contra a parede.

Tanto e tantas vezes que depois da expulsão de Gil, Cássio precisou fazer apenas uma defesa, assim mesmo em chute de fora da área, além, é claro, da penalidade máxima defendida num joelhaço digno do Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Verissimo.

Como notícias boas para os são-paulinos, que precisavam vencer muito mais que os corintianos, apenas duas: o argentino Centurión foi bem e o espírito de luta foi incomparavelmente maior que o do primeiro jogo do torneio continental. O que serve como prévia do que será o da volta, dia 22 de abril, no mesmo Morumbi, que se espera lotado.

Para quem esperava um Majestosinho, o embate acabou superlativo, desses em que a emoção prevalece sobre a técnica, embora com direito ao gol de finíssima feitura do interminável Danilo no começo da partida. A melhor notícia ficou para os corintianos: mais uma segunda-feira feliz: CPF na nota?


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