Folha de S. Paulo


Quanto vale a Copinha

Dois anos atrás, ao ser octocampeão da Copinha, o Corinthians começou a melhor temporada de sua história centenária.

Vieram, em seguida, os títulos, inédito, da Libertadores e o bicampeonato mundial de clubes da Fifa.

Como futebol e superstição andam mais juntos do que deveriam, a conquista ontem do eneacampeonato, palavra que é mesmo um palavrão, soa como um bom presságio.

Afinal, nos oito anos de vitórias alvinegras nas Copinhas, apenas três vezes, em 1969, 1970 e 2004, o Corinthians não ganhou títulos mais importantes.

Antes de 2012, em 1995, veio a primeira Copa do Brasil e o 21º título do Paulistinha.

Em 1999, além do terceiro Brasileirão e do 23º estadual, conquistou a legitimidade para disputar, como campeão do país sede, o primeiro Mundial de Clubes da Fifa.

Em 2005, o tetra no Campeonato Brasileiro e, em 2009, o tri na Copa do Brasil e o 26º paulista, invicto.

Parece sim que os meninos trazem sorte aos times principais, embora nem tanta para eles mesmos.

Dos campeões de 2012, por exemplo, só o zagueiro Marquinhos se deu realmente bem –hoje no Paris Saint-Germain depois de boa passagem pela Roma e quase nada entre os titulares do Corinthians, numa posição em que o clube buscou o veterano Edu Dracena por ainda não sentir firmeza no jovem Felipe.

Dos campeões atuais, quantos farão carreira?

Como se sabe, o time alvinegro sub-20, sempre sobre o comando do gaúcho Osmar Loss, foi campeão também dos campeonatos estadual e nacional e esteve desfalcado, ontem, de Malcom, na seleção brasileira da categoria, e do paraguaio Gustavo Vieira, indicado pelo extraordinário ex-zagueiro Gamarra, na seleção guarani.

A campanha corintiana, oito vitórias em oito jogos, 26 gols marcados, apenas quatro sofridos, com triunfos, na média, por 3,25 a 0,5, diante de mais de 36 mil torcedores, e de Tite, na final no Pacaembu, merece elogios e todos os cuidados para que não se perca no mercado de curto prazo, tão ganancioso como pernicioso, péssima rima, pior solução.

O Corinthians passou, entre 1954 e 1977, 23 anos em jejum e engorda a olhos vistos nos últimos 38.

Fazer desta gordura a saúde autossustentável para não ficar obeso é o desafio que está posto e que terá mais um capítulo não apenas nos embates contra os colombianos do Once Caldas, na pré-Libertadores, mas, principalmente, na eleição do dia 7 de fevereiro.

Quem esteve na Arena Corinthians no sábado para ver o tocante encontro entre os filhos brasileiros e seus pais ingleses do Corinthian-Casuals, com mais de 25 mil torcedores, constatou a conhecida paixão da Fiel de um lado, mas, do outro, como ainda é problemática a situação do estádio, aquém do que se prometeu.

Doutor Sócrates recebeu merecidas e comoventes homenagens anteontem e ontem.

A melhor delas será fazer do Corinthians o que ele sempre sonhou: limpo e democrático.

Então, o decacampeonato será mais promissor.


Endereço da página: