Folha de S. Paulo


Fossa verde

A CASA VERDE virou um imenso muro das lamentações e a festa se transformou em choro.

A torcida palmeirense vive em permanente depressão, numa fossa sem fim.

O século de vitórias acabou e o das derrotas parece interminável. Eliminações vexaminosas diante de times menores, goleada para empanar o centenário, contratações que enriquecem apenas os intermediários, desavenças com quem ergueu a casa nova e com quem se terá que conviver por mais 30 anos, para não falar do medo mais paralisante, o do terceiro rebaixamento.

O antepenúltimo e o penúltimo jogos do Brasileirão, a depender apenas do time alviverde, devem reservar mais dor, hoje no Couto Pereira, contra o também desesperado Coritiba e, depois, no Beira-Rio, contra o incomparavelmente mais forte Inter.

Tão ruim como depender de um elenco abaixo da crítica é depender do "craque" da companhia, de Valdivia, que prima por faltar nas horas decisivas. E por chorar lágrimas de esguicho.

A derrota na inauguração do estádio fez lembrar a seleção brasileira contra a alemã, tal o despreparo psicológico dos jogadores palmeirenses –que pareciam pisar em brasas e não num belíssimo gramado.

Aliás, fica a lição, embora inútil nesta altura do campeonato: inaugurações de estádios devem ser feitas com jogos festivos, amistosos, jamais com jogos oficiais.

Desde a inauguração do Pacaembu, em 1940, passando pelas duas do Maracanã, do Morumbi, do Mineirão e do Beira-Rio, dos velhos e dos novos, e da Arena Grêmio, apenas as do Corinthians e do Palmeiras foram inauguradas ou reinauguradas com jogos valendo três pontos. Deu no que deu, para alegria do Figueirense e do Sport, de Giovanni Augusto e de Ananias.

Mas perder em tais circunstâncias poderia ser apenas uma derrota, não um desastre, como não foi, apesar de todos os pesares, para o rival alvinegro.

A derrota alviverde foi a tal da crônica de uma derrota anunciada porque, para variar, a antipatia e arrogância endinheirada do cartola que preside o clube excluíram da ocasião os que empurram até os mortos para a vitória.

O preço médio do ingresso, de R$ 139, foi só para a elite verde e esta, por mais que tenha cantado e vibrado, cantou e vibrou num clima que nasceu e permaneceu artificial, sem alma, plastificado.

A única coisa que fugiu ao previsto foi o primeiro gol. Era para ser de Diego Souza...

HORA H

Hoje também, em Itaquera, o Corinthians terá de mostrar que, de fato, a derrota em casa para o Figueirense não foi decisiva para sua volta à Libertadores. Invicto no estádio desde então –10 vitórias e cinco empates–, e beneficiado pelos resultados da última rodada, até novo empate, que Mano Menezes não nos ouça, pode ser aceitável contra o ferido Grêmio. A derrota, no entanto, resultado normal para o clássico, será desastrosa e fará o corintiano voltar a se lembrar de Giovanni Augusto.

Já no Mineirão será domingo de gritar é campeão!


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