Folha de S. Paulo


Paciência da China

Hoje, às 10h, Paulo André reaparecerá numa assembleia do Sindicato dos Atletas paulistas.

O ex-capitão corintiano e principal liderança do BSFC, aproveitará suas férias na temporada do futebol da China disposto a reassumir protagonismo neste momento em que a Lei da Responsabilidade Fiscal no Esporte (LRFE) chega aos finalmentes.

A primeira tarefa, na área sindical, é exigir do presidente da entidade em São Paulo, o ex-goleiro palmeirense Rinaldo Martorelli, que se eterniza no cargo, não apenas as sistematicamente negadas prestações de contas do sindicato como a mudança do estatuto para permitir apenas uma reeleição.

Missão tão árdua como o embate em torno da LRFE.

Se no sindicato a luta é contra o peleguismo, no Congresso Nacional o embate é contra a intenção dos clubes e da CBF de aprovar ainda neste ano uma lei desfigurada que, mais uma vez, alivie o estado falimentar das associações sem as devidas contrapartidas que mudem, para valer, o atual estado de coisas.

Paulo André diz que volta mais paciente, mais político, "enxergando melhor o jogo", convencido de que "ninguém acenderá uma vela para iluminar a escuridão apenas com disposição de luta".

Será preciso "reunir novos aliados, no mercado, inclusive, para aproveitar o poder de exposição dos jogadores sem que todas as pressões pesem sobre eles".

A passagem pela China serviu não apenas para que Paulo André já possa sair do mutismo no exercício do mandarim como a releitura, mais calma e aprofundada, do célebre "A Arte da Guerra", a estratégia militar de Sun Tzu, escrita no século IV a.C.

O jogo em vias de ser decidido em Brasília é pesado e ele sabe disso, além de extrapolar a questão do esporte numa Câmara dos Deputados que tem feito questão de mostrar suas garras à Dilma Rousseff e atemorizada pelo que se afigura nas investigações sobre a Petrobras.

O BSFC conta com a boa vontade e o compromisso da presidenta e até mesmo o adiamento de qualquer decisão apenas para o novo Congresso é possibilidade concreta, embora para tanto tenham de ser feitos todos os cálculos políticos da correlação de forças entre os de sempre e o novo, um verdadeiro parto da montanha.

Dois novos zagueiros, daqueles que vão ao ataque nas cobranças de escanteio para usar a cabeça e a força de suas posições, estão em campo.

O chefe do gabinete pessoal de Dilma, o jovem advogado uberabense Beto Vasconcelos, e o economista e ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, santista de coração e conhecedor também das coisas do futebol.

Neste momento é mais importante, para o futuro do futebol nacional, cerrar fileiras em torno da LRFE do que saber se o Cruzeiro confirmará seu favoritismo no Brasileirão, quem vencerá a palpitante Copa do Brasil ou quais serão os times brasileiros classificados para a Libertadores.

Depois do 7 a 1, ou a maior paixão brasileira se modernizará ou correrá o risco de cair para a segunda divisão mundial.


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