Folha de S. Paulo


Margem de erro

Cinco pontos podem ser a diferença entre o líder mineiro Cruzeiro e o São Paulo caso o Tricolor paulista vença o time do planalto central, o Goiás, no Morumbi, ali perto do Palácio dos Bandeirantes, onde se não falta água faltou avisar que a crise era mesmo mais grave que a oficialmente aceita.

Antes que esta segunda-feira acabe saberemos se Paulo Henrique Ganso e companhia não desperdiçaram mais uma chance de se aproximar dos mineiros que estão com tudo e cheios de prosa, no comando do Brasileirão com a subida também do Galo.

Duas catástrofes podem impedir que se restabeleça a disputa café com leite em nosso esporte predileto, por ora apenas leite com leite: uma tempestade que adie o jogo desta noite, algo improvável desde que São Pedro resolveu entrar em greve e punir a falta de planejamento e cuidado de São Paulo, ou a vitória esmeraldina em plena Pauliceia.

Na primeira página da corrida por um lugar à sombra, em nono lugar, o Goiás não só é perigoso como o que o São Paulo já perdeu de pontos em seu palco é alarmante, motivo para dedicar concentração total e impedir que mais três pontos evaporem da contabilidade são-paulina.

Caso a esperada vitória venha, ao faltarem ainda sete jogos para cada candidato, os cinco pontos de diferença significarão quase um empate técnico, considerada a margem de erro, dois pontos a menos para os mineiros, dois a mais para os paulistas.

Que a campanha cruzeirense dá sinais de enfraquecimento parece claro e o tropeço em Santa Catarina, no sábado, comprova a queda.

Por mais confortável que ainda sejam os prováveis cinco pontos de vantagem, a reta final sempre é capaz de apresentar surpresas.

Tomara que tenhamos não apenas um bom jogo nesta rara noite de segunda-feira com embate na Série A, mas, também, que prevaleça a lisura no resultado, sem jogadas abaixo da linha da cintura.

E que vencedores e vencidos saibam se comportar porque, no fim de tudo, todos seguirão no mesmo barco.

O tempo das promessas acabou.

É hora de jogar o jogo.

A SAUDADE

Quase impossível pensar que nunca mais o Pacaembu receberá o clássico Corinthians x Palmeiras.

O dérbi, apresentado como o último no estádio, manteve não apenas a longa invencibilidade alvinegra no "próprio da municipalidade", desde 1995 em 14 jogos, com oito vitórias e seis empates -este último dramático, aos 45 do segundo tempo.

Manteve também a dramaticidade de uma rivalidade que precisa voltar a ser sadia, entre adversários, jamais entre inimigos.

A DOR

Michel Laurence morreu.

Depois de 76 anos bem vividos ele deixa uma série imortal de belas páginas no jornalismo esportivo brasileiro. Escritas com responsabilidade e beleza, duras quando necessárias, sempre com a preocupação da apuração honesta, sem concessões aos poderosos.

Seu corpo será cremado hoje.

Que suas cinzas frutifiquem como exemplos para todos que fazem do bom jornalismo uma missão.


Endereço da página: