Folha de S. Paulo


É fogo no boné do guarda

A expressão do título é de Osmar Santos, o locutor que marcou a história do rádio esportivo brasileiro, antes e depois dele, a.OS e d.OS.

A seleção treinou no excelente gramado do quartel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

A expressão não precisa de explicação e, se precisar, não será aqui que você, rara leitora, raro leitor, irá encontrá-la.

Já a seleção se explica cada dia mais.

Treina fechado, treina aberto, como sempre, tudo como dantes no quartel de Abrantes, isto é, dos Bombeiros.

Felipão começa a treinar David Luiz para ser, eventualmente, o Edmílson na Copa de 2002, ideia que provavelmente lhe ocorreu ao ver o zagueiro desempenhando, bem, a função no Chelsea.

O último treino que vi de uma seleção brasileira foi a de Dunga, antes do jogo contra a Holanda, na África.

O clima, então, era tenso na relação com a imprensa, um bode expiatório muitas vezes criado artificialmente pelos que, como o ex-técnico da CBF, precisam sempre achar um inimigo externo.

O clima de agora é incomparavelmente menos beligerante, apesar dos treinamentos seguidos em dependências militares tanto no Rio, na Escola de Educação Física do Exército, quanto em Brasília.

Depois de levar FHC e Aécio Neves ao seu camarote no Maracanã, José Maria Marin foi ao Instituto Lula convidar o ex-presidente para o jogo de abertura da Copa das Confederações.

Entre uma articulação e outra nos meios civis antagônicos, não custa cassandrear pelos quartéis, prática que conhece bem.

Porque é de corar a nenhuma questão de nossos políticos com suas biografias, esquecidos que até hoje o líder comunista Luís Carlos Prestes paga o preço de ter subido no palanque com Getúlio Vargas, que havia extraditado sua mulher Olga e a entregue para os nazistas na Alemanha, onde foi executada.

O que junta Marin, agora condecorado também pelo governador do DF, Agnelo, cordeiro em italiano, Queiroz, aos tucanos e petistas, não envolve os interesses da nação, mas só os da simples e abjeta bajulação de uns e os sonhos de eleição de outros.

Todos, enfim, como consagrou o linguajar petista, farinhas do mesmo saco, quatro letrinhas com as quais também se escreve asco.

Hoje a seleção treinará no belíssimo Mané Garrincha. Impossível olhar para ele e não perceber seus lindos dentes de marfim, suas enormes orelhas, sua tromba imponente.

Que lindo elefante branco!

É fogo, torcida brasileira.


Endereço da página: