Folha de S. Paulo


Planeta Slow Food

Não faltam guias de restaurantes pelo mundo. Há de todos os tipos; e com o advento da internet e a agilidade dos smartphones, guias brotam como cogumelos depois da chuva. Ao amanhecer.

Como em todas as áreas, também na de restaurantes a fecundidade deu lugar a todo tipo de porcaria. A maior ilusão dos guias (de restaurantes ou do que for) é imaginar que recomendações "colaborativas" (nas quais todo mundo, mesmo sem dominar o assunto, sai votando no que acha melhor, ou no amigo, ou contra o concorrente, ou no que paga mais...) sejam garantia de qualidade.

O resultado são guias eletrônicos que se jactam da infinita quantidade de estabelecimentos –mas não podem apostar na qualidade deles.

Por outro lado, o interessante é que a tecnologia facilitou o surgimento de guias temáticos, construídos em torno de ideias ou setores específicos –como os de hambúrgueres feitos por apaixonados pelo assunto. São poucos, mas acaba de nascer um de grande peso e envergadura internacional: o Slow Food Planet, um aplicativo com indicações de restaurantes, bares e lojas de alimentos.

Não se trata de um guia organizado necessariamente em torno da excelência gastronômica, mas, sim, de uma ideia bem precisa de qualidade, especialmente de qualidade do ingrediente, com toda a rede cultural, social e política que ele implica.

Nascido em 1985 na Itália e hoje espalhado, de forma mais ou menos anárquica, por todo o mundo, o movimento Slow Food se bate pelo alimento "bom, limpo e justo". O guia se propõe a mapear lugares pelo mundo onde este tipo de alimento seja servido (o que pode levar a lugares bem díspares, mas todos com esse ponto comum).

A partir dessa linha editorial, e bem no espírito do movimento, são os membros do Slow Food pelo mundo que abastecem o aplicativo. O perigo colaborativo é amenizado pelo fato de que existe um claro alinhamento de pensamento entre todos, e portanto as intenções e objetivos das indicações são claros.

Lançado simultaneamente no Brasil e outros países dois meses atrás, o aplicativo já traz 12,5 mil endereços em 22 países –entre eles, Austrália, EUA, Índia e Turquia, além de Itália, é claro. No Brasil tem mais de 800 indicações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Goiânia, Belém, Manaus, Florianópolis e Porto Alegre.

O aplicativo é bonito e amigável. Tem sistemas de consulta e de filtro que ajudam a navegação. Pode ser baixado para iPhone e Android –é gratuito, mas para usar todas as áreas é preciso pagar, o que faz sentido cada vez mais (informação de qualidade custa, é claro).

CAPTURADO PELO INSTAGRAM

E por falar em smartphones, eis que comecei a publicar coisas no Instagram. Parece ser necessário a quem precisa se comunicar profissionalmente –o que já me tinha levado a ter uma página com meu nome no Facebook.

Mas tenho com certeza o Instagram mais lento do planeta. Não deixo a comida esfriar, nem o sol amainar, nem a paisagem passar: apenas clico às vezes do jeito que der e publico quando puder. E com a informação apropriada. E só se a informação valer a pena.

Enfim, não é para me exibir, nem humilhar ninguém, nem fingir que sou o cara mais feliz do mundo. Tento apenas informar, mesmo. Pode conferir no @josimapp.


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