Folha de S. Paulo


Um abraço de urso

Cães odeiam abraços. A tese, polêmica, alimenta hoje em dia um debate entre especialistas e curiosos nos Estados Unidos e invadiu as páginas até do "New York Times".

A antiga controvérsia ganhou novos contornos com a assertiva de Stanley Coren, professor de psicologia na Universidade da Columbia Britânica e autor do best-seller "A Inteligência dos Cães" (1994).

Em seu blog, no site "Psychology Today", Coren escreveu que o abraço provoca estresse no cão, pois, diante de uma situação de imobilização, a reação do animal seria a fuga.

Tiago Elcerdo

"Deixem os abraços para os integrantes de sua família com dois pés e para os amantes", recomendou o pesquisador. Ele completa: "Do ponto de vista do cão, é claramente mais indicado expressar seu afeto com uma carícia, uma expressão carinhosa ou talvez um petisco".

Coren argumentou ter avaliado 250 imagens de abraços humanos em cães e registrado em cerca de 80% das fotos sinais de estresse, desconforto ou ansiedade entre os animais de quatro patas.

Uma minoria dos cachorros analisados, concluiu o pesquisador, demonstrou conforto, indiferença ou respostas ambíguas ao contato com braços envolventes.

A reportagem do "New York Times" seguiu os cânones do bom jornalismo e ouviu outros lados. Trouxe a opinião de especialistas, como Corey Cohen, que afirmou: "Meus cães adoram ser abraçados". Já Erica Lieberman, adestradora, preferiu recomendar cautela, por receio da reação de alguns cachorros: "Melhor fazer carinho na barriga".

Como mero observador do mundo canino, arrisco avaliar que abraços não fazem parte do repertório natural de interação de nossos pets. Mas conheci cães que gostam de um contato físico mais intenso. De qualquer forma, fico com a dica da adestradora de Nova York: na dúvida, melhor fazer um carinho na barriga.


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