Folha de S. Paulo


Os saltos da Pipoca

Sempre alimentei uma certa desconfiança da história dos animais enquadrados na categoria "mini". Suspeitava serem frutos de algum tipo de alquimia ou engenharia genética. Mas descobri, para meu alívio, que pôneis e miniaturas de cabras e de vacas, por exemplo, pertencem a raças originalmente caracterizadas por medidas reduzidas.

Claro que criadores, ao longo do tempo, selecionaram os exemplares menores para reprodução com o intuito de obter o nascimento de criaturas de dimensões ainda mais reduzidas. Ou seja, é o dedo humano agindo, assim como na criação de cães, campo que acompanho com mais proximidade.

Ilustração Tiago Elcerdo

A chegada de Biscoito, cavalo miniatura da raça falabella, inaugurou meu convívio com as versões compactas. Aprendi, por exemplo, que uma das raças de pônei mais conhecidas, os shetlands, originários da Escócia, viveram uma tragédia no início da Revolução Industrial, quando foram brutalmente explorados como animais de tração nas insalubres minas de carvão.

Encantado com as miniaturas, acrescentei recentemente à família rural uma vaca, a Panda, e uma cabra, a Pipoca. As duas apresentam medidas bem reduzidas quando comparadas às dimensões tradicionais de suas espécies.

Aprendi que a saltitante Pipoca descende de uma raça originária da Nigéria. Cabras em miniatura costumam ter até 60 centímetros de altura, o que lhes confere ares de animais de estimação urbanos. Ao longe, podem ser confundidos com um pequeno cão.

Pipoca veio para dividir espaço com o bode Brito e as cabras Violeta, Amora e Margarida. Quando chegou, desembarcou do caminhão e mergulhou no pasto, então com vegetação alta, o que obrigava a cabrita a saltitar como um coelho.

Pula como orelhudo, berra como gigante. Pipoca também mostra docilidade descomunal, desproporcional às suas tímidas medidas. Acho que descobri mais um animal pelo qual é difícil não se encantar.


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