Folha de S. Paulo


O avô das aves

Procuro um curso para avô de plumados. Ventos primaveris, os primeiros depois de um significativo aumento da população de aves no sítio, trouxeram ao lugar uma onda de ninhos ocupados. As galinhas, do tipo ISA Brown e pródigas ovíparas, já enchiam as caixas de ovos sem a presença de um galo.

Sashimi, a gansa, inaugurou esse novo período de incubação: improvisou o ninho e botou 12 ovos. Sushi, o parceiro dela, rodeava a fêmea para garantir a tranquilidade do processo reprodutivo. Nossa contribuição veio com o improviso de uma cobertura para proteger a ave-mãe das intempéries.

Entre os conselhos que recebi, e de olho no controle da natalidade, segui a ideia de diminuir o número de ovos no ninho. Esperava também reduzir o desgaste da Sashimi. À medida que os dias avançavam, ficava evidente o esforço maternal estampado na perda de penas e num semblante mais cansado que o habitual.

Ilustração Tiago Elcerdo
#ARSAO1312 BICHOS

Infelizmente, os ovos não vingaram. Busco ainda os motivos. Quero, em um próximo ciclo, contribuir de forma mais eficaz com os esforços da gansa e também espero ter os conhecimentos necessários para auxiliar as outras aves que aninharam nos últimos dias.

As marrecas Tempurá e Yakissoba já chocam seus ovos —parecem mais cuidadosas e eficientes na montagem do ninho do que a vizinha Sashimi. Os machos Temaki e Sukyaki soltam a voz quando algum estranho se aproxima das parceiras.

A temporada de reprodução também invadiu o viveiro das calopsitas. Guita entrou na casinha de madeira e já choca os ovos. Seu companheiro, Guto, agora voa sozinho entre poleiros e galhos secos.

Espero, em breve, começar a ter minha primeira geração de plumados. Pensando nisso, já mergulhei em literatura e em sites sobre reprodução de ovíparos. Também incomodei amigos veterinários em busca de dicas e propondo que organizem um curso rápido a leigos ansiosos por virar "avô de aves". Torço para que aceitem a proposta.


Endereço da página: