Folha de S. Paulo


Tártaro, algas e saúde bucal

Boris, com seu corpanzil de 75 quilos, é o meu "gigante gentil": um dogue alemão muito afável. Nunca havia convivido com a raça, pela qual me apaixonei.

Certa vez, porém, ouvi de uma criadora a frase responsável por martelar minha mente: "A vida curta desses animais de grande porte impõe preço alto a seus admiradores".

Anos atrás, a expectativa média de vida de um dogue alemão girava entre meros seis e oito anos. Os avanços da medicina veterinária e cuidados mais intensos dos tutores elevaram a longevidade para 12, e alguns criadores sustentam ter registrado a invejável marca de 15.

Ilustração Tiago Elcerdo

Portanto, cuidar da saúde do Boris sempre ocupou lugar de destaque numa matilha repleta de jovens e resistentes vira-latas. Após cada refeição, mantenho os mascotes nas baias por ao menos 45 minutos, para afastar estresse e o risco da muitas vezes letal torção gástrica. Essa situação de emergência incide com mais frequência sobre animais maiores, como os dogues alemães.

De um veterinário amigo, a quem pedi dicas sobre medicina preventiva, ouvi o alerta para ter cuidado especial com a saúde bucal. Comecei tentando a escovação, mas o bochechudo mostrava pouca disposição em manter a boca aberta, apesar do atraente sabor de carne do dentifrício canino. Gastei escovas e dedeiras sem muito sucesso.

Encontrei no mercado um gel antitártaro. Relutante, Boris aceitava a manipulação em sua boca, mas mostrava certa rejeição ao sabor do produto. Ainda não havia encontrado a fórmula mais adequada.

Optei pela remoção de tártaro na clínica veterinária, com Boris sob efeito de anestesia. Pondero, no entanto, se poderei continuar nesse caminho, com medo de submeter o cão ao procedimento quando estiver com idade mais avançada.

Descobri um produto, ainda em fase de testes com o Boris: um pó à base de algas marinhas que basta jogar na ração. Sem dúvida, procedimento mais fácil na hora de manipular um "gigante", ainda que gentil.


Endereço da página: