Folha de S. Paulo


A cadela que salva abelhas

As notícias de ataques de abelhas me aterrorizam e dobram minha atenção sobre os riscos para meus animais. Já li sobre cães e galinhas como vítimas fatais de enxames enfurecidos, cravando seus ferrões sem piedade.

Antes de condenar os produtores de mel voadores, é importante lembrar que os insetos em geral só atacam para se defender. Relevante também ressaltar o papel fundamental das abelhas como polinizadoras.

Ao pesquisar sobre eventuais riscos de ter uma colmeia na vizinhança, encontrei uma história surpreendente. O olfato canino, cerca de quarenta vezes mais poderoso do que o nosso, já ganhou merecido glamour ao ajudar a polícia a encontrar drogas e explosivos, auxiliar médicos na detecção de tumores e levar equipes de salvamento a localizar pessoas sob escombros.

Ilustração Tiago Elcerdo e Mariana Salimena

Mas o focinho deles também é usado para salvar vidas de abelhas. Maryland, um dos Estados norte-americanos, desenvolveu um programa para treinar farejadores voltado a detectar a presença de uma bactéria que vinha destruindo colmeias. Hoje, a estrela do departamento de agricultura local é uma labradora chamada Klinker -uma verdadeira heroína para os apicultores e os consumidores de mel.

A máquina farejadora consegue inspecionar cem colmeias em cerca de 45 minutos -a mesma tarefa consome dos humanos um dia de trabalho para checar algo em torno de 50 colmeias. Quando sente o odor da bactéria, Klinke senta ao lado da colônia de insetos. Em seguida, medicamentos, como antibióticos, são aplicados a tempo de salvar as larvas das abelhas.

A fêmea já é a quarta "funcionária canina" do programa norte-americano e sucedeu Thorne, uma labradora cor de caramelo, aposentada aos oito anos de idade.

E quanto aos riscos de os insetos ferroarem a cadela? Fiquei aliviado ao ler que Klinker trabalha mais durante o outono e o inverno, quando as abelhas estão mais calmas. Sorte da labradora.


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