Folha de S. Paulo


Aves e ovos

A pergunta veio de supetão: há quanto tempo o ovo está aqui?

De visita ao sítio, meu irmão questionou com um olhar fixo atravessando o alambrado e com o chão como alvo. Eu tinha passado por aquele local minutos antes. Fui à frente porque apertara o passo para encontrar o ganso Sushi. Ao me ver, a ave costuma abrir as asas e grasnar freneticamente, num barulhento e alegre ritual de boas-vindas.

O aviso de meu irmão levou-me a retornar à parte de fora do lugar onde vivem o casal de gansos e as galinhas. Segui o alarme familiar.

E lá estava, reluzente e alvo, um robusto ovo da Sashimi, a companheira do Sushi. Inaugurava-se assim a nossa experiência pré-natal no mundo dos palmípedes.

Ilustração Tiago Elcerdo

Sou marinheiro de primeira viagem em paternidade de pets com penas. Busquei literatura sobre o tema e colecionei relatos de quem já teve experiência com gansos.

Sem que a Sashimi me ouça, li que cuidados maternos não costumam ser uma característica exuberante entre algumas raças da ave. Há até quem recorra a galinhas, peruas ou patas para chocar os ovos.

Não vou prejulgar a minha gansa. Coloquei à sua disposição material para feitura do ninho e observo atentamente seus primeiros movimentos. Já notei, de saída, que Sashimi evita a aproximação das galinhas com seu ovo.

O casal de gansos convive com seis galinhas do tipo ISA Brown, famosas pelas qualidades de poedeiras. Aqui também navego como neófito, em busca de mais informações.

No dia seguinte à primeira postura da Sashimi, uma das galinhas, que chegaram com pouco tempo de vida, botou seu primeiro ovo. Mas a jovem ave resolveu iniciar sua experiência maternal no teto do abrigo feito para os gansos. Resultado: o ovo rolou e se quebrou no chão.

Aguardo, portanto, novas experiências envolvendo aves e ovos. E torço para também receber, em breve, notícias sobre o casal de marrecos que completa nossa população de plumados.


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