Folha de S. Paulo


Compre 1, leve 7

Entrei na loja empolgado pela nova fase do amor emplumado. Estou fascinado desde a inauguração do galinheiro, com direito a abrigar um casal de gansos. Queria, portanto, aumentar a população com bico e asas.

No caminho, após uma longa pesquisa, vinha matutando se traria alguma galinha ornamental, porque iniciei o capítulo aviário com uma turma de poedeiras muito simpáticas, mas com plumagem pouco exuberante. Mirava também os marrecos, como companhia de natação dos gansos.

Quando adentrei o espaço de animais à venda, não resisti, de início, a dar uma voltinha no setor de coelhos. São, a meu ver, donos de um carisma ímpar. Em especial a Mirtes.

Ilustração Tiago Elcerdo

A coelhinha na gaiola veio em minha direção. Mostrou tranquilidade e me deixou acariciá-la. Amor à primeira vista. E antes de procurar as aves, já tratei de comunicar a decisão de compra. Não queria escolher novos moradores do sítio sob o risco de perder a Mirtes.

Comprei um casal de marrecos corredores indianos. Movimentam-se com rapidez e num passo que lembra o pinguim.

Entramos todos no carro. Era uma sexta-feira, dia de mais tráfego, e por isso queria voltar ao sítio antes da hora do rush. Em trinta minutos, estávamos em casa.

Mirtes não demorou a adaptar-se ao novo coelhário e às companhias do Maneco, da Lili e da Popó. Mas, a partir de um certo momento, escolheu um canto para se aconchegar.

Na manhã seguinte, o funcionário do sítio me convocou em situação de urgência. Petrifiquei. Imaginei uma briga entre os coelhos.

Felizmente, errei.

Ao chegar, deparei com a Mirtes e sua ninhada. Lembrei-me de haver, nas redondezas, uma fazenda com criação de coelhos. Lá, descolei uma caixa-maternidade e as instruções pós-parto. O próximo passo é projetar a ampliação do coelhário, com capacidade para abrigar os seis filhotes. E também aprender a identificar uma coelha prenhe.


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