Folha de S. Paulo


Gatos e motores

Jamais havia pensado na perigosa ligação entre gatos e motores.

Pura ignorância minha, fruto do meu parco conhecimento do mundo felino. Graças à leitora e jornalista Carolina Vasconcellos, descobri como animais colocam suavida em risco ao buscar um ambiente mais aquecido e supostamente mais protegido justamente entre engrenagens e peças sob o capô de um carro.

Relata Carolina: "Em novembro do ano passado, fez uma noite muito fria, e saí cedo para trabalhar, com pressa. Fui de casa até o trabalho, seis quilômetros em quarenta minutos, ouvindo um barulho estranho no motor do meu carro. Quando cheguei ao estacionamento, ouvi melhor o barulho: era um miado".

Ilustração Tiago Elcerdo

A intrusa era uma filhote, com cerca de 45 dias de vida. Estava praticamente ilesa, apesar da viagem inesperada. Como sequela e lembrança do episódio, apenas uma leve queimadura em uma das orelhas. A sobrevivente foi batizada de Biela, nome de uma peça do motor e homenagem à companheira daqueles quarenta minutos de movimento. A gatinha também ganhou uma dona: Carolina.

A jornalista concluía sua mensagem com a sugestão de um apelo para que se faça uma checagem, sobretudo em mais dias frios, nos carros com chances de virar abrigo de gatos. Naturalmente, veículos que dormem ao ar livre entram no topo da lista de prioridades.

Com a dica da Carolina, mergulhei na pesquisa. Encontrei diversos relatos, como a história ocorrida no ano passado em Itumbiara (GO).

Um funcionário público desembarcou no posto de gasolina para trocar o óleo do motor. Quando o frentista abriu o capô, deu de cara com um gato.

Foi necessário convocar o Corpo de Bombeiros para o resgate do felino que, a exemplo de Biela, saiu da toca automobilística praticamente ileso. Mas o que preocupa mais é que nem sempre essas histórias, envolvendo gatos e motores, têm um final feliz.


Endereço da página: