Folha de S. Paulo


Drama e final feliz

Guinness é um cão cego, morador na região do rio Neuse, no Estado norte-americano da Carolina do Norte. Virou notícia recentemente. Por um descuido dos donos, saiu para dar uma volta desacompanhado e acabou caindo nas águas caudalosas do vizinho fluvial.

Nadou por cerca de 90 minutos até ser resgatado por um barco.

A história do cachorro cego, nadando desesperadamente para se salvar, correu os EUA. A TV local fez imagens do herói. Também entrevistou um vizinho, que descreveu a principal atividade de Guinness nas 12 horas que se seguiram a seu retorno ao lar: dormir pesadamente.

O dono de Guinness chegou a distribuir cartazes com a foto do animal e disparou vários telefonemas a centros de resgate canino, antes de descobrir detalhes da saga. Prometeu intensificar os cuidados para impedir novas caminhadas aventureiras do intrépido cão.

O drama teve final feliz, o que naturalmente nem sempre acontece nessas situações. Vivi episódio semelhante com Oksana, uma de minhas samoiedas. Certa ocasião, quando ainda era pequena, brincava no sítio com um vira-lata quando desapareceu. Talvez a versão de esconde-esconde deles tivesse ido longe demais.

Estava seguro que a cadela não tinha abandonado as redondezas, pois checava se estava tudo bem com frequência, interrompendo a leitura de trabalho. Mobilizei quem estava a meu alcance. E nada de encontrá-la.

Era final da manhã. Esperava convidados para o almoço. Quando chegaram, em vez de servir a comida, lancei-os na caça. Fizemos faixas. Fui à delegacia. O relógio insistia em avançar com velocidade meteórica.

Quando anoitecia, o desespero começava a dominar. Estávamos reunidos na sala quando um primo, atrasado, chegou para o encontro. Ao abrir uma fresta na porta, uma cachorra se embrenhou. Era Oksana. Jamais me esqueço daquela sensação de alívio. E das novas medidas de segurança.


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