Folha de S. Paulo


Cães em silêncio

Não são nada raros em condomínios conflitos provocados pelos latidos de animais de estimação. Cheguei a mudar de residência para me refugiar da ofensiva sem tréguas de um vizinho intolerante a qualquer ruído que escapasse à sua rigorosa aprovação. Reclamava do mais suave som vindo de meu quintal e também vociferava quando era ligado o secador de cabelo na casa ao lado.

Boa vizinhança significa impedir que reverberações, caninas ou não, prejudiquem a tranquilidade alheia. Posse responsável inclui medidas contra excessos tanto de cães habituados a latir para objetos em movimento na rua como para os barulhentos ao reclamar da solidão ou ao festejar o retorno do dono.

Existem vários mecanismos para atingir a paz entre vizinhos e cães verborrágicos. Pode haver adestramento ou simplesmente atitudes de bom senso, como impedir que o animal fique muito tempo sozinho ou que passe maior parte do dia com visão da rua, latindo para carros e transeuntes.

Um site especializado norte-americano elaborou há pouco o ranking dos "quinze cães mais quietos". Parece o mapa da mina para síndicos empenhados em conseguir acordos de paz, ou para proprietários dispostos a cultivar vizinhanças duradouras.

A enquete ouviu 218 profissionais da veterinária. Uma raça ficou de fora: o africano basenji, conhecido também como "cão mudo". Não late. Do segundo ao décimo quinto lugar da lista: terranova, cão gigante dos Pireneus, lebrel italiano, whippet, mastim, boiadeiro bernês, bullmastiff, são-bernardo, cavalier king charles spaniel, golden retriever, shar-pei, rhodesian ridgeback, setter irlandês e collie.

O topo da sondagem do site vetstreet.com coube ao dogue alemão, conhecido como "gigante gentil". Mostrei o resultado ao Bóris, meu cachorro dessa raça. Falei com as paredes, mas pedi que latisse menos e honrasse a fama de seus parentes.


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