Folha de S. Paulo


Alckmin é virtual candidato em 2018, mas estilo ainda preocupa seus aliados

Marlene Bergamo - 27.nov.2017/Folhapress
PODER - O Governador de Sao Paulo, Geraldo Alckmin, da entrevista depois de jantar com FHC, Tarso Jereissati e Marconi Perillo no Palácio dos Bandeirantes onde trataram de sua candidatura a Presidencia do Brasil. 27/11/2017 - Foto - Marlene Bergamo/Folhapress - 017 -
O governador Alckmin,depois de jantar com FHC, Tasso Jereissati e Marconi Perillo no Bandeirantes

Apenas uma calamidade tira de Geraldo Alckmin a candidatura presidencial tucana em 2018 após ele topar comandar o PSDB. Considerando o histórico da política brasileira desde a redemocratização, é sobre os inúmeros riscos inerentes ao projeto que seus estrategistas estão se debruçando agora.

Alckmin é visto até por aliados como um político cordato, conciliador, mas talvez sem o estômago necessário para enfrentar algumas vicissitudes da candidatura nacional. E se há uma qualidade necessária para o coitado que tentar ser presidente no ano que vem é ter uma ótima digestão.

Os batráquios no cardápio são variados, a começar pelo risco de ver um inquérito aberto contra si no âmbito da Lava Jato, algo medonho para alguém que é visto em pesquisas internas como tendo honestidade como atributo central. Para ficar num outro exemplo, há a elaboração de palanques estaduais que garantam penetração em mercados pouco afeitos a tucanos.

O governador se queixou sobre as dificuldades que lhe foram relatadas em Pernambuco, onde visitou a casamata dos herdeiros de Eduardo Campos numa tentativa de aproximar-se do PSB fora de São Paulo -onde o partido vai herdar a cadeira do tucano em abril. O ânimo demonstrado foi o mesmo quando lhe foi apresentada a solução de presidir o PSDB pela primeira vez: um misto de enfado com negação.

É essa a dúvida que paira, mais do que a apatia dos números do governador nas pesquisas tão distantes da eleição, entre seus aliados e candidatos a parceiros em 2018: Alckmin vai esperar a convergência dos fatos lhe favorecer ou assumirá um figurino mais incisivo? Ou irá terceirizar missões para um time de "generais", como Marconi Perillo?

Enquanto essa interrogação estiver no ar, as especulações seguirão. PMDB pensando em candidatura, o Centrão nas promissórias a cobrar e mesmo João Doria já volta a ser citado em conversas como uma alternativa fora do PSDB caso seja barrada sua ideia de disputar o governo paulista.

Em seu favor, Alckmin exercita uma paciência incomum na política brasileira e tem colhido frutos assim. Dado como morto politicamente após a campanha para a Prefeitura de São Paulo em 2008, resignou-se como secretário estadual do mesmo José Serra que colaborou para sua derrota. Comprou briga com todo o seu partido ao lançar Doria a prefeito no ano passado. Nesses casos, seu estilo prevaleceu e as paradas foram ganhas ao fim.

A convenção do PSDB no dia 9 será um bom momento para entrever qual Alckmin emergirá em 2018.


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